COTIDIANO
Qual foi o dia em que você conheceu os Beatles?
Publicado em 21/09/2017 às 6:56 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:44
Quando vi a exposição dos Beatles, no Recife, gostei muito da cabine do trem de A Hard Day's Night. O motivo: ela tem a ver com o dia em que descobri o quarteto.
Conto a história nesse texto.
Quando eu era criança, meu tio Humberto me levava ao cinema. Para a matinê daquele sábado, 18 de março de 1967, o programa era Deu a Louca no Mundo, no Cine Santo Antônio. Na véspera, descobri que a comédia maluca de Stanley Kramer fora substituída por Os Reis do Iê-Iê-Iê. No original, A Hard Day’s Night.
Pensei em não ir, não sabia do que se tratava, mas ouvi do meu tio: “é o filme dos Beatles, um conjunto inglês fabuloso que você precisa conhecer”. E foi assim que eles entraram em minha vida.
Luminosas imagens em preto e branco. Ficção com jeito de documentário. Narrativa ágil, música vibrante.
Na batuta, Richard Lester, homem de televisão fazendo cinema. Perfeitamente afinado com os cinemas novos da década de 1960. Coisas que entendi mais tarde. Na hora, só o impacto. E a alegria de senti-lo.
Os rapazes correndo dos fãs numa estação. A canção dentro do trem. Paul e seu “avô”, que às vezes roubava a cena. O humor de John. A timidez de George. A fuga de Ringo. A música dos quatro. Os ensaios no estúdio de televisão. O show final. O acorde mágico que abre a canção A Hard Day’s Night. Há duas ou três notas que, até hoje, me remetem ao momento em que descobri os Beatles.
Na madrugada daquele sábado em que vi Os Reis do Iê-Iê-Iê, Paul terminara de gravar She’s Leaving Home, uma das faixas do Sgt. Pepper, o disco que lançariam em junho de 1967. Haviam mudado muito em apenas três anos. Longe dos palcos, produziam o álbum que seria considerado o mais importante do pop/rock. Disco de ruptura e pura invenção.
“O rock será o que fizermos dele”, disse John Lennon.
Os Beatles deram ao rock um status que este não tinha.
Ninguém tem a dimensão deles. Ninguém os substituiu.
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