COTIDIANO
Radiografia do comércio e uso de drogas na PB
Celulares permitem que traficantes continuem o comércio de drogas mesmo presos; apreensões deste ano superam em três vezes as de 2010.
Publicado em 27/11/2011 às 11:59
A apreensão de drogas realizada este ano pela Polícia Federal, em João Pessoa, já superou em três vezes a quantidade apreendida em 2010. Foram cerca de 160 quilos de crack, cocaína e derivados, drogas potentes que causam danos ao organismo do ser humano e alimenta a cadeia do tráfico de entorpecentes no Estado. Na Paraíba, foram 376 quilos de janeiro a outubro deste ano, segundo dados do Instituto de Polícia Científica (IPC), referentes à apreensão das polícias Civil e Militar.
O delegado Gustavo Barros, da PF, explicou que as operações são constantes, inclusive nas fronteiras da Paraíba, mas o grande problema não está sendo combatido. “É preciso uma ação urgente dentro das penitenciárias, proibindo efetivamente a entrada de celulares para que os traficantes fiquem incomunicáveis com o mundo aqui fora”, afirmou.
Enquanto isso não for feito, segundo Barros, o trabalho das polícias será como 'enxugar gelo'. “O líder do tráfico, mesmo preso, continua liderando as vendas da droga. Enquanto isso não mudar, boa parte do nosso trabalho será em vão.”
No início do mês de novembro, um estudo divulgado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) revelou que dos 223 municípios da Paraíba, 141 enfrentam problemas com o consumo de crack. O número representa 85,45% do total de cidades pesquisadas no Estado. A pesquisa revelou também que 135 cidades têm problemas com a circulação de drogas; outras 30 cidades disseram que não enfrentam esse problema.
A droga comercializada na Paraíba é proveniente de países como Peru e Colômbia, que também fornecem para os demais estados do Brasil. Quanto maior a quantidade de drogas apreendida, maior o prejuízo para os bolsos dos traficantes, mas a polícia nem sempre ousa arriscar. “É difícil dizer, em dinheiro, quanto foi retirado de circulação, pois o preço da droga depende diretamente do peso e da qualidade, que são variáveis”, afirma Barros.
O delegado do Grupo de Operações Especiais (GOE), Rodolfo Santa Cruz, também apresentou números surpreendentes: 376 quilos (266,8 maconha e 109,9 de cocaína) este ano contra 223 quilos (sendo 191 maconha e 32 crack). “A polícia está mais repressiva, foram efetuadas mais prisões.”
Dentre as operações, está uma realizada na semana passada, no José Américo, na capital. Na ocasião, a polícia apreendeu uma carga de 35,5 quilos de pasta base de cocaína e prendeu seis pessoas. A investigação demorou dois meses. A droga poderia render R$1 milhão aos acusados. “A própria imprensa é testemunha das nossas operações”, destacou.
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