COTIDIANO
Recomendação de evitar abraços e mãos dadas durante missas divide fiéis
Medida foi indicada por bispos por causa de casos da nova gripe. Renascer também quer evitar contaminação em cultos.
Publicado em 23/07/2009 às 9:17
Do G1
Bispos da Igreja Católica recomendaram a paróquias que sejam evitados, durante as missas, abraços e mãos dadas por causa do risco de contágio pela nova gripe. Com o aumento do número de casos da doença, também foi pedido aos padres que as hóstias sejam entregues na mão dos fiéis durante a comunhão – algumas pessoas preferem recebê-las na boca. As recomendações dividem os frequentadores.
Dom Pedro Luiz Stringhini, responsável pela região episcopal Belém, mandou uma carta na terça-feira (21) aos padres das 63 paróquias e 140 comunidades da Zona Leste de São Paulo aconselhando mudanças nas missas por causa da doença. São três recomendações: “pedir que os fiéis recebam a comunhão na mão”, “não fazer o convite ao abraço da paz, passando diretamente ao ‘Cordeiro de Deus’” e “não convidar os fiéis a darem as mãos na oração do Pai Nosso”.
“Não é uma medida alarmista, é uma precaução sanitária. É um ajuste dentro da missa para não precisar suprimir as celebrações”, afirmou o bispo ao G1. A assessoria da arquidiocese disse que o cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, voltará de uma viagem nesta quinta-feira (23) e decidirá sobre eventuais indicações por causa da doença. Enquanto isso, os bispos responsáveis pelas regiões podem adotar medidas específicas.
Dom Nelson Westrupp, bispo da diocese de Santo André, fez as mesmas recomendações para os padres e diáconos de 95 paróquias de sete municípios: Santo André, São Bernardo do Campo, Mauá, São Caetano do Sul, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. “Eu julguei necessário porque a vida é um dom de Deus e temos a obrigação de cuidar do outro, de sua saúde”, afirmou. Um e-mail com as indicações foi enviado às paróquias na segunda-feira (20).
Opiniões divididas
A nutricionista Iracema Maria Liguori, de 53 anos, que frequenta uma paróquia na Mooca, concorda com as recomendações. “A gente sabe que a maior forma de contágio é pela mão. A sua fé não está vinculada ao abraço ou ao aperto de mão. Tudo o que é feito por precaução é muito bom”, afirmou.
O auxiliar administrativo Antônio Júnior, de 23 anos, não acredita ser necessário evitar contato físico durante as missas. “Eu acho que não precisa tanto. Você, em uma igreja, tem que ter união, não há necessidade de não poder chegar perto. Há tantos meios de se pegar, como no ônibus”, acredita. Para ele, basta sempre lavar as mãos.
A aposentada Vanilde Antonelli, de 65 anos, defende que a Igreja está cumprindo seu papel. “Acho que as pessoas que estão com gripe não deveriam frequentar locais com muita gente”, opinou. Para o conferente Rômulo Pereira da Silva, de 41 anos, a medida “é um exagero”. “Se não puder tocar na mão, fica difícil”, disse.
Máscaras e luvas
A Igreja Renascer em Cristo também adotou medidas para evitar o contágio durante os cultos. “Abrimos as portas para que o ar circule. Também recomendamos que abraços e contatos físicos sejam evitados”, afirmou a pastora Marcia Mello. Além disso, a orientação é para que os ministros com resfriado ou gripe sejam substituídos.
Máscaras e luvas estão sendo disponibilizadas durante os cultos para os pastores e fiéis que julgarem necessário. Como algumas orações são feitas com contato, também há gel antisséptico nos templos para a limpeza das mãos. Para orientar os frequentadores, cartazes serão colocados durante esta semana nas igrejas com informações sobre a doença. Também estão previstas palestras sobre a nova gripe para pastores e bispos.
Umbanda
O presidente do Superior Órgão de Umbanda do Estado de São Paulo, Miltom Aguirre, disse que sempre houve um cuidado com higiene durante os cultos, mas que ele foi intensificado por causa da nova gripe. A entidade afirma que sempre disponibiliza copos descartáveis para os fiéis durante os cultos, para que utensílios não sejam compartilhados. Em relação a charutos ou cigarros, ele diz que apenas uma pessoa os fuma durante os encontros, por isso não há risco de contágio.
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