COTIDIANO
RETRO2017/A importância que a novelinha da ditadura tem
Publicado em 10/12/2017 às 8:16 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:44
Em 2017, a TV Globo lembrou aos brasileiros como foi a ditadura militar.
Esse texto, escrevi depois do último capítulo de Os Dias Eram Assim.
Desfecho de novela é sempre insatisfatório. Muita coisa para resolver de uma só vez. Na supersérie do horário das 11, não foi diferente.
Alice sobreviveu ao tiro que levou de Vítor, que morreu num acidente de carro. O filho de Rimena e Gustavo nasceu durante a missão humanitária na América Central. Nanda morreu em consequência da AIDS. Ernesto cumpriu pena pelo assassinato de Arnaldo e voltou para os braços de Vera. Amaral e Natália, em lados opostos, viraram deputados constituintes.
A trama terminou no país que se redemocratizava, na segunda metade dos anos 1980. Mas um salto no tempo (resumido com alguns fatos marcantes, reais, do Brasil e do mundo) jogou o casal Alice e Renato no Brasil de hoje.
Nós e nossos impasses. Vou traduzir assim. Ou: nós e nossas eternas esperanças.
Os Dias Eram Assim passou cinco meses no ar. Vi todos os capítulos.
É uma novela igual às outras. Com virtudes e defeitos.
Para mim, a grande contribuição foi falar claramente sobre a ditadura militar.
É preciso falar. Tem gente defendendo a volta dos militares. Tem gente defendendo a tortura. Tem gente dizendo que nem houve ditadura!
É importante, então, ver como foi numa trama que mistura ficção com realidade.
No último capítulo, a personagem Cátia lançou um documentário chamado Os Dias Eram Assim. A personagem foi presa e torturada. A mãe dela, Natália, foi estuprada na prisão.
O documentário começa com uma fala da atriz Bete Mendes e segue com depoimentos de outras vítimas da ditadura. Essa parte não é ficção. É realidade!
O bom é que o documentário não está só na trama. Ele existe de verdade e está disponível na Globo Play. Dura 10 minutos.
É a ficção nos dizendo que aquilo tudo não é ficção.
Novelas como Os Dias Eram Assim servem pra isso.
Uma espectadora de 80 anos, fã de novelas, me disse que gostava de ver a supersérie.
Ela, carinhosamente, batizou Os Dias Eram Assim com suas palavras: a novelinha da ditadura.
A luta continua!
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