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COTIDIANO

RETRO2018/Geraldo Vandré

Publicado em 07/12/2018 às 6:16 | Atualizado em 30/08/2021 às 23:37

O que parecia improvável (ou até impossível) aconteceu.

Geraldo Vandré cantou Caminhando no concerto realizado com a Orquestra Sinfônica da Paraíba nesta quinta-feira (22/03) à noite, em João Pessoa.

A apresentação, na Sala de Concertos Maestro José Siqueira, marca o retorno do artista aos palcos brasileiros, após uma ausência de 50 anos.

Não importa se você gosta ou não dele, mas Vandré é um mito da MPB que se projetou na era dos festivais, na segunda metade dos anos 1960, e quem pôde vê-lo quebrar esse longo silêncio foi de fato testemunha de uma noite histórica.

Vi Vandré de perto pela primeira vez na plateia de uma das noites do Projeto Pixinguinha de 1979. Naquela época, ele era arredio a qualquer abordagem que remetesse ao artista. Quem estava ali não era Vandré. Era Geraldo.

Esse conflito entre Geraldo e Vandré não foi resolvido pela passagem do tempo. Parece apenas mudar de intensidade.

Dois dias atrás, na entrevista coletiva que o artista deu no palco do concerto, o secretário Lau Siqueira o chamava de Geraldo. Mas era Vandré que estava ali.

Ele reencontrara o mito que muitos já disseram ter sido preso, torturado, até morto.

Nesta quinta-feira (22), todo vestido de branco, Geraldo Vandré (re) entrou em cena e soltou a voz que, embora carregue as marcas do tempo, ainda lembra a do passado. Um canto forte e emocionado dividido com Beatriz Malnic e acompanhado pelo violão de Alquimides Daera.

Daera troca o violão por uma viola, e Vandré declama.

Vai montando, ali, um impressionante retrato do artista quando velho.

A plateia ouve no mais absoluto silêncio. Entre a reverência e a incredulidade.

Outro dueto com Beatriz: À Minha Pátria. Parceria de Vandré com Manduka.

Vandré entrega o protagonismo da noite a Beatriz Malnic.

Ao piano, ela executa seis peças que os dois compuseram na década de 1980.

O Vandré erudito mantém os vínculos profundos com o Nordeste, a sua nave mãe.

A Orquestra Sinfônica da Paraíba e o Coro Sinfônico abrem o segundo ato do programa. sob a regência do maestro Luiz Carlos Durier.

Fabiana é marcial. E expõe o homem em suas contradições profundas. Do artista que legou Caminhando aos brasileiros ao cidadão que, de volta ao Brasil, construiu um inesperado vínculo com as Forças Armadas.

Atenção: às vezes eu troco de mãos, já avisara na coletiva da quarta-feira ao falar de esquerda e direita.

O programa segue com Mensageira (bandeira da Paraíba projetada no fundo do palco) e termina com Caminhando. Orquestra, coro e plateia.

Vandré, Beatriz e Daera voltam ao palco e fazem outra vez À Minha Pátria.

Uma bandeira do Brasil é colocada ao lado do piano.

O momento mais forte do concerto ainda estava por acontecer.

Daera "puxa" os dois acordes (um maior, outro menor) de Caminhando, e Vandré é levado ao que não estava no programa.

E o faz com absoluta consciência da grandeza daquele instante.

Você pode não gostar dos versos que convocam para a luta armada.

Você pode preferir Sabiá (eu prefiro), a linda canção de exílio de Tom e Chico.

Mas não há como não reconhecer o que há de belo e melancólico no Vandré que, aos 82 anos, reencontra Caminhando diante dos nossos olhos e ouvidos.

A plateia canta com ele. Alguns choram. Outros levantam o punho. Muitos dizem fora Temer. Em menor volume, Marielle presente.

O Brasil convulsionado de 2018 está ali.

Ainda que Geraldo Vandré não queira e, no final, com a bandeira nas mãos, bata continência para o amigo da Marinha que veio da Bahia só para testemunhar essa noite histórica.

Imagem

Silvio Osias

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