COTIDIANO
Municípios do Sertão da Paraíba têm maior número de submetidos ao trabalho escravo
Do total, 88% das vítimas resgatadas são analfabetas ou com ensino fundamental incompleto e 46% são negras.
Publicado em 03/08/2021 às 12:53 | Atualizado em 03/08/2021 às 14:06
Os municípios do Sertão da Paraíba têm o maior número de pessoas submetidas ao trabalho análogo à escravidão. A maioria dos casos acontece em atividades agropecuárias em outros estados do país. Além disso, 88% das vítimas resgatadas são analfabetas ou com ensino fundamental incompleto e 46% são negras.
Os dados são do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas, desenvolvido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em parceria com a Subsecretaria de Inspeção do Trabalho – SIT.
Entre 2003 e 2019, 874 paraibanos ou radicados na Paraíba foram encontrados em condições análogas à escravidão em vários Estados do País. As cidades paraibanas com maior número de paraibanos naturalizados resgatados em outros estados durante o período foram Patos (65), Pombal (55), no Sertão, e Araruna (24), no Brejo.
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Quanto às cidades de residência, os principais municípios onde os resgataram declararam residir foram Patos (67), Juripiranga (32) e Pombal (22). No ano de 2020, a cidade de Tavares, no Sertão paraibano, foi a terceira do Brasil com maior número de traficados para o trabalho escravo.
Resgate mais recente
Um dos últimos resgates de paraibanos aconteceu, no mês passado, durante uma ação fiscal realizada por uma equipe integrada por auditores fiscais do Trabalho, por uma procuradora do MPT e agentes da Polícia Federal, na periferia de Fortaleza, no Ceará, de onde foram resgatados 11 trabalhadores em situação de trabalho análogo à escravidão. Os trabalhadores eram aliciados nos municípios paraibanos de São Bento, Catolé do Rocha e Brejo do Cruz.
Para o procurador do Trabalho Marcos Almeida, a pandemia da Covid-19 só tende a piorar esse cenário. A causa é o aumento do desemprego, da desigualdade e da pobreza. Isso deve agravar as condições dos mais vulneráveis e aumentar o ciclo de aliciamento e exploração. Ele ressalta a “implementação eficaz de políticas públicas” para combater esse crime.
“É importante que a atuação dos órgãos públicos envolvidos com a questão ocorra de forma conjunta, integrada e articulada. Além disso, é imprescindível a participação e o envolvimento direto da própria sociedade civil, bem como a implementação eficaz de políticas públicas e programas sociais voltados justamente às pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social”, afirmou.
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