COTIDIANO
Sinatra, maior cantor popular do século XX, morreu há 20 anos
Publicado em 14/05/2018 às 7:16 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:43
Nesta segunda-feira (14), faz 20 anos que Frank Sinatra morreu.
Estava com 82 anos.
O nome completo era Francis Albert Sinatra. Ítalo americano nascido em Nova Jersey, em dezembro de 1915. Pelo menos desde a década de 1940 do século passado, quando se transformou num jovem ídolo da canção popular, o mundo o conhece como Frank Sinatra. Ou, simplesmente, The Voice.
Revejo Sinatra no palco em especiais de televisão que fez entre os 50 e os 70 anos, de 1965 a 1985. Claro que não tem nada a ver com rock, mas os grandes astros do rock não existiriam sem ele. Os fundamentos da melhor performance ao vivo estão no seu desempenho diante de uma plateia. Num tempo em que tudo era muito mais simples: o artista, sua orquestra, alguma luz, nenhum adorno. Sinatra caminha com o microfone na mão, parece flutuar. O domínio do espaço cênico é absoluto. Os movimentos do corpo, a expressão facial, o equilíbrio entre o que é dramático e o que não é. As conversas com a audiência, as canções antológicas. E a voz.
Revisito Sinatra em discos. Há quem prefira a década de 1940. Os anos da Columbia. É o início da carreira solo depois da passagem pelas orquestras de Harry James e Tommy Dorsey. A voz jovem, ainda se consolidando, mas já perto da perfeição. Um cantor moderno, mais contido do que os que o antecederam. Ao sucesso inicial, segue-se um período de declínio. A recuperação vem na década de 1950, na era do LP, o disco de longa duração. É a fase da Capitol, que considero a mais fértil em sua discografia. É o tempo dos discos conceituais. Os estúdios americanos já dispunham de bons recursos técnicos e foram eles que eternizaram a voz de Sinatra.
Discos? Há muitos. In the Wee Small Hours é o que primeiro me ocorre quando penso em Sinatra. Repertório impecável e grandes arranjos para um intérprete que tinha atingido o ponto alto do canto popular que conhecemos no século XX. Songs for Swingin’ Lovers e Come Dance with Me são irresistíveis. Todos dos anos na Capitol. Na década de 1960, em seu selo, gravou com a orquestra de Count Basie. O piano econômico de Basie, os timbres da sua big band, a voz branca perfeitamente inserida no universo do jazz. Superb, como dizem os americanos. A descoberta da Bossa Nova está no disco que dividiu com Tom Jobim, que tanto nos orgulha.
Sinatra era um cantor popular voltado para o melhor do cancioneiro do seu país. Sua trajetória é um vasto american songbook. Os grandes autores e as grandes canções estão nos muitos discos que gravou. Ouvi-los é ouvir a música do seu tempo tratada com perfeccionismo e profundo respeito. A partir dos anos 1960, ele atualizou o repertório, prestou atenção nos novos autores. Gravou Paul Simon e Stevie Wonder. Trouxe os Beatles para o seu repertório. Tanto Lennon & McCartney (Yesterday) quanto George Harrison (Something). Mas permaneceu o mesmo. O modo de cantar e os arranjos remetiam sempre ao estilo dele.
No Brasil, houve um tempo em que éramos empurrados para longe de Sinatra. O suposto vínculo com a Máfia era o argumento mais frequente dos que, entre nós, queriam denegri-lo. O tempo passou. Felizmente. Ficou a voz. Ele foi o maior cantor popular do século XX.
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