COTIDIANO
'Só resolve se colocar segurança de presídio nesta escola'
Desabafo da diretora da escola onde o aluno foi assassinado é um reflexo do medo e insegurança pelo qual passam alunos e professores da Anésio Leão, em CG.
Publicado em 08/05/2015 às 14:27
Um dia após o assassinato do estudante Wanderson Costa, 21 anos, o clima é de luto na escola estadual Anésio Leão, no bairro da Palmeira em Campina Grande. Nesta sexta-feira (8) as aulas foram suspensas e só devem voltar na próxima segunda-feira (11). Sem esperanças de que os problemas de violência e vandalismo sejam solucionados, a diretora da escola disse que “só resolve esse problema se colocar segurança de presídio nesta escola”.
De acordo com a diretora da Maria Elza Moreira, após uma reportagem do Jornal da Paraíba que retratou os problemas das escolas públicas de Campina Grande – e que incluía o colégio estadual da Palmeira – alguns dos pontos mais graves na estrutura foram resolvidos, mas os problemas continuaram. “O muro que estava aberto nos fundos da escola foi fechado e colocaram um portão pequeno, mas os vândalos pulam e continuam entrando. Pra resolver mesmo tem que colocar guaritas com vigilantes, aumentar os muros e colocar aquelas cercas que usam nos presídios com energia e arames farpados, pois, se se colocar essas cercas elétricas mais simples, eles arrancam e entram”, ressaltou ela.
As poucas medidas adotadas para a segurança nos últimos dias não agradaram os vândalos, que já vivem uma rotina de entrar na instituição na hora que quererem. Segundo a direção, no dia que o portão foi colocado no muro, ele acabou sendo arrancado durante madrugada. No dia seguinte ele foi colocado novamente, mas os vândalos voltaram a arrancar, até que no terceiro dia deixaram. O sinal de domínio de marginais na instituição está marcado na escola. Para tentar melhorar a segurança a direção colocou uma placa de zinco junto a grade do portão, mas os marginais já destruíram uma parte e o que restou está com várias perfurações de faca, além das pichações relacionadas a facções criminosas nos muros.
Eventos cancelados
A diretora ainda destacou que não sabe o que fará pra tentar tranquilizar os alunos na volta às aulas e acredita que alguns podem desistir de estudar. Com o medo da ação de vândalos, o evento programado para o dia das mães foi cancelado e a direção também definiu que este ano não haverá festa junina. “A gente tenta fazer o que pode para garantir a educação. Essa escola atende toda a comunidade carente dessa região e muitos alunos até queriam ir para outras escolas, mas não possuem condições de pagar o transporte diário para outros bairros. Tememos que estes alunos desistam dos estudos”, lamentou Maria Elza.
A equipe de reportagem do Jornal da Paraíba entrou em contato 3ª Gerência Regional de Ensino, que não se pronunciou sobre o assunto.
Investigação
O delegado de homídios que investiga o caso, Antônio Lopes, disse que a polícia já conseguiu encontrar duas linhas de investigações fortes sobre a autoria e motivação para o crime, mas destacou que não pode informar maiores detalhes sobre as suspeitas, pois isso pode atrapalhar o andamento da investigação. “Estamos ouvindo parentes, amigos e testemunhas do crime. Por enquanto pedimos um pouco de compreensão, pois não podemos falar detalhes sobre esse caso. Na manhã desta sexta-feira já conseguimos um novo avanço na investigação”, disse ele.
O que diz a PM
O comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar (2ºBPM) de Campina Grande, major Gilberto Felipe, disse que já recebeu ofícios da diretora da escola pedindo mais rondas na instituição. Ele explicou que o local está incluso no projeto de patrulha escolar, mas, destacou que além da presença a polícia é preciso que o colégio tenha melhorias em sua estrutura de segurança. O comandante também destacou que a população pode ajudar a polícia denunciando quando perceberem movimentações estranhas.
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