COTIDIANO
Terror: paraibana que mora em Paris relata ataques terroristas
Neste sábado (14), ruas da capital francesa estavam vazias, após atentados terroristas de sexta (13) que mataram 127 pessoas e deixaram cerca de 300 feridos.
Publicado em 14/11/2015 às 12:55
“As pessoas estão em choque. O sentimento é de parar o mundo ou de querer que ele pare. O medo é do que pode vir pela frente. Todos estão muito assustados, tristes e preocupados com o que pode ainda acontecer ou como o governo vai reagir e como tudo isso vai afetar à vida das pessoas”, este é o relato da arquiteta paraibana Larissa Montenegro, 33 anos.
Ela mora há cinco anos em Paris, no 17ème, em Batignolles, e é casada com um francês. Na noite de ontem (13), no momento em que pelo menos cinco locais foram alvos de ataques terroristas simultâneos, em uma região boêmia de Paris, conhecida por reunir bares restaurantes e muitas pessoas em uma sexta-feira, à noite, Larissa Montenegro, estava em casa e foi avisada dos ataques pela ligação telefônica do irmão,que mora no país vizinho, a Suíça. Segundo a arquiteta, uma hora antes dos ataques, ela esteve no centro dos ataques, na residência de uma amiga
“Foi tudo muito assustador. Quando soube do ocorrido pensei que já tinha acabado. Liguei a televisão e o fato ainda estava acontecendo. Não acreditei!. A minha amiga, que mora ao lado de onde tudo aconteceu, está bem agora. Mas, o clima é de tensão, ruas bloqueadas e muitas sirenes”, comentou.
O governo parisiense decretou estado de emergência e anunciou que serão colocadas patrulhas que farão rondas, por toda a cidade, durante a próxima semana. A polícia local não sabe ainda se existem outros terroristas em fuga. Todos os equipamentos públicos foram fechados durante o dia de hoje (14), bibliotecas, salas de esporte, mercados públicos, além de universidades e escolas.
Os transportes públicos que atuam próximo aos locais dos atentados foram suspensos. Os metrôs e algumas linhas de ônibus não estão funcionando. Trechos e trajetos estão com os acessos bloqueados. As fronteiras do país foram fechadas ontem (13), mas na manhã de hoje (14), o presidente François Hollande esclareceu que estão abertas, contudo, o controle de entrada e saída está ainda maior, inclusive, do Espaço Schengen, que antes não havia barreiras, justamente por estabelecer a abertura de fronteiras e livre circulação de pessoas entre os países europeus.
“Não há recomendações sobre abrir, ir ou não a bares e restaurantes. Nesse clima, não tive coragem de sair de casa ainda. Algumas lojas estão abertas, supermercados, mas menos do que o costume. Normalmente, nos sábados as pessoas saem para ir ao mercado. Ruas vazias, pouca movimentação é o que dá para ver. Preciso comprar comida, mas irei aos mercados próximos de casa.O governo recomenda que as pessoas não saíam de casa e não frequentem locais de muita aglomeração”, revelou Larissa Montenegro.
As pessoas que moram próximo à zona de ataque estão em choque, muitos não conseguiram dormir, seja pelo barulho das sirenes e sentimento de terror ou pelo fato de alguns, até a madrugada de ontem (13), não ter conseguido localizar todos os conhecidos para verificar se estavam bem. “Fui dormir muito tarde tentando contatar uma amiga marroquina, que só deu notícias hoje pela manhã. Uma outra amiga grávida de 8 meses, mas que mora longe. Felizmente, ela não estava em Paris. Conheço pessoas que tiveram dificuldades para voltar para casa, outros decidiram dormir na casa de amigos para evitar deslocamentos”, comentou
Larissa Montenegro também relatou, que conhece outra paraibana, quatro pernambucanos e uma paulista. Todos os amigos dela estão bem, porém, assustados e inseguros com a situação. Todos moram em Paris e não são turistas.
Com os atentados, surgiu entre os brasileiros, o sentimento de querer retornar ao Brasil, mas apesar disso, os que já há muito tempo vivem na capital francesa, como Larissa, querem ficar na cidade e torcem para que os atentados cessem. "A vontade de voltar ao Brasil para quem mora longe sempre existe, de algum modo. Da minha parte, não sinto vontade de voltar por conta dos atentados. Contudo, sinto tristeza ao ver a França entrando em uma guerra que já acontece há tempos em outros países. Mas a França é a minha casa, por isso, o sentimento é mais de tristeza do que querer abandoná-la”, frisou
Brasileiros feridos no ataque
Conforme o cônsul-geral do Brasil na França, Maria Edileuza Fontenele Reis, os atentados terroristas da sexta-feira 13, em Paris, deixaram dois brasileiros feridos. Na noite de ontem, Gabriel Sepe, 29 anos um arquiteto e uma estudante, ainda não identificada, estavam no restaurante Le Petit Cambodge, nas proximidades do Canal Saint-Martin, no 10° distrito da capital, um dos locais onde ocorreram tiroteios. O homem tomou três tiros nas costas, foi operado e já está estável, assim como a estudante.
O presidente francês, François Hollande, afirmou na manhã deste sábado (14) que o Estado Islâmico é o culpado pelo "ato de guerra" que matou 127 pessoas e feriu 300 em Paris na noite de sexta-feira (13). A nossa entrevistada, a arquiteta Larissa Montenegro, comentou que não conhecia os brasileiros feridos e que no trajeto para casa, não chegou a ver nenhum corpo pelas ruas. Ainda conforme ela, na noite de hoje, as pessoas voltaram a circular pouco a pouco pela cidade.
Atualizada às 14h50.
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