A luta por um Jacarapé melhor

A falta de escolas, creches, Unidade de Saúde da Família (USF), a má qualidade do serviço público de transporte e até a ausência de nomes de ruas são alguns dos problemas relatados pelos moradores do bairro de Jacarapé, na zona sul de João Pessoa.

Para a dona de casa Vânia Dantas da Silva, mãe de quatro filhos, o maior problema da comunidade é a falta de uma USF, e também de escola e creche na região. “Quando um filho meu fica doente é o maior aperreio. O posto de saúde mais próximo é na Penha e ônibus, aqui, só passa a cada uma ou duas horas.

Às vezes, nem passa. Também não tem escola nem creche. Queria poder trabalhar pra ajudar na renda de casa, mas não tenho onde deixar meus filhos pequenos”, reclamou.

Para o aposentado José Cavalcanti de Barros, o preconceito com a comunidade é muito grande, porque nem como bairro Jacarapé é reconhecido, o que prejudica a utilização de outros serviços, como o recebimento de correspondência.

“É absurda a situação em que vivemos. Jacarapé não tem nada, não tem USF, escola, creche. A escola mais próxima ou é na Penha, ou no Cidade Verde. É muito difícil morar aqui. Nós passamos vergonha para fazer um simples cadastro em uma loja porque nem nome de rua nós temos, por isso nem correspondência podemos receber”, informou.

Segundo o secretário Executivo do Orçamento Participativo do município, Hildevânio Macedo, a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) reconhece os problemas enfrentados pela população e já está tomando uma série de providências para poder solucioná-los, e que embora dentro do bairro não haja escola, creche ou USF, a população não está deixando de ser assistida, tendo apenas que se deslocar para bairros adjacentes.

“Em reunião do Orçamento Participativo, recebemos as solicitações dos moradores e já estamos tomando uma série de medidas para solucionar problemas antigos, como realizar a regularização fundiária do bairro, ou seja, fazer com que o poder público reconheça a existência da comunidade. Também já estamos definindo o arruamento e a nomenclatura das ruas.

Mas isso é apenas o primeiro passo, ainda há muita coisa por fazer. Essa comunidade possui 40 anos, começou de forma desordenada, mas a PMJP já iniciou esse processo”, esclareceu.

De acordo com a secretária adjunta de Educação da capital, Edilma Ferreira, não há previsão para implantação de creche no bairro, mas que a partir de junho deste ano, a PMJP irá construir creches nos bairros vizinhos da Penha, Mussum Magro e Parati 1 e 2, que também contemplarão os moradores da comunidade.

“Estamos em fase de estudo para a implantação de uma escola em Jacarapé. Nós visitamos a comunidade, mas ainda não achamos um terreno adequado que obedeça a todos os critérios exigidos pelo Ministério da Educação (MEC) para a construção de uma escola. Mas, por enquanto, não está descartada essa possibilidade”, informou.

Conforme a Gerência de Atenção Básica da Secretaria de Saúde de João Pessoa, para que seja construída Unidade de Saúde da Família (USF) é necessário que haja, no bairro, no mínimo dois mil habitantes, o que não é o caso de Jacarapé.

Mas dentro da comunidade, existem agentes de saúde que encaminham usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) para as USFs mais próximas, que ficam nos bairros de Mangabeira e Penha.