CAPs atendem 22,8 mil pessoas

"Sem o apoio que encontrei no CAPS, eu não teria conseguido me livrar das drogas e recomeçar a minha vida". O relato é de André Souza (nome fictício), 26 anos, usuário de drogas por 15 anos e uma das 22.803 pessoas atendidas pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da Paraíba em 2012, conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES).

No Estado, há 75 Centros de Atenção Psicossocial distribuídos por 50 municípios nas modalidades CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPS i II (para atendimento de crianças e adolescentes) e CAPS-AD (Álcool e Drogas).

De acordo com o Ministério da Saúde, os CAPS são recursos que integram a Reforma Psiquiátrica Brasileira e possibilitam a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país. O objetivo do CAPS é oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

Em João Pessoa, há dois CAPS III, serviço psicossocial para atendimento em municípios com população acima de 200 mil habitantes. Somente o CAPS Gutemberg Botelho, localizado no bairro de Tambauzinho, atende, em média, 30 pacientes por mês, mas realiza o acompanhamento de outros 500 usuários.

No local são atendidos casos específicos de transtornos mentais severos e persistentes, a exemplo de esquizofrenia e transtorno bipolar. O atendimento é realizado durante 24 horas por uma equipe multiprofissional formada por psiquiatra, enfermeiros, assistente social, psicólogos e educadores físicos.

O espaço conta com seis leitos, sendo três destinados a pacientes do sexo feminino e três voltados ao público masculino.

“Os usuários ficam hospedados e não há internação. Nós buscamos evitar justamente isso,” explicou a assistente social Maria Edneide Alves. O CAPS atende as demandas espontâneas e aos encaminhamentos, realizados inclusive por outros municípios.

O atendimento diferenciado busca principalmente a reinserção social do paciente. “Nós não cuidamos apenas do medicamento.

Ele é importante, mas não é a nossa prioridade. O primeiro passo é o acolhimento e, logo após, realizamos a escuta qualificada.

Nós queremos resgatar a autonomia deste paciente,” afirmou Edneide Alves.

A equipe do CAPS ainda atua para resgatar pacientes que se encontram internados em hospitais psiquiátricos. “Muitos familiares desavisados ainda recorrem aos hospitais. Mas nós conversamos com a família e tentamos conseguir um cuidado mais intensivo, mas que possibilite ao paciente sair do hospital,” esclareceu Edneide.

A permanência do paciente, no acolhimento noturno do CAPS, é limitada a sete dias corridos ou dez dias intercalados, em um período de 30 dias. O atendimento individual ao usuário consiste na utilização de medicamentos, atividades psicoterápicas e orientações. Os usuários são submetidos, ainda, a atendimento em grupos, oficinas terapêuticas, visitas e atendimentos domiciliares, além de atividades comunitárias que enfocam a integração do usuário na comunidade e sua reinserção familiar e social.

“Nós também trabalhamos com grupos familiares. Em todas as etapas a participação da família é muito importante e faz a diferença, principalmente nos casos mais graves. Se nós não cuidarmos também da família, não teremos sucesso no atendimento ao usuário,” concluiu Maria Edneide.