VIDA URBANA
37% das árvores de JP é de espécies invasoras
Presença delas causa desequilíbrio à flora nativa e interfere no desenvolvimento da fauna do bioma da Mata Atlântica.
Publicado em 27/08/2014 às 9:00 | Atualizado em 11/03/2024 às 10:59
A leucena, castanhola e ficus são as três espécies de plantas consideradas invasoras encontradas em João Pessoa. Segundo informações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam), esses tipos de árvores constituem 37% da arborização urbana da cidade. Contudo, a presença delas causa desequilíbrio à flora nativa e interfere no desenvolvimento da fauna do bioma da Mata Atlântica existente na capital. O ficus corresponde a 25% da arborização. A leucena e a catanhola, juntas, correspondem a 12%.
De acordo com o levantamento do chefe da Divisão de Arborização e Reflorestamento da Semam, Anderson Fontes, a castanhola e o ficus estão mais presentes na área urbana da cidade, sendo a primeira predominante em bairros da orla, como Manaíra, Cabo Branco e Bessa, e a segunda nos bairros de áreas mais centrais como Jaguaribe, Torre, Centro e também na área onde estão localizados os parques do Jacarapé e Aratu. Nessas duas regiões, segundo Anderson Fontes, é visível o desequilíbrio ambiental causado pela presença das espécies invasoras.
“O sombreamento dificulta o surgimento de novas espécies. A sombra das castanholas, por exemplo, mata mesmo as plantas rasteiras, como a salsa, que é de fundamental importância para a microflora para a fauna da área da praia”, explicou Fontes.
Já a leucena é mais comum nas margens das matas, como às margens da rodovia federal BR-230, na Mata do Buraquinho. Assim como as outras duas espécies, este tipo de árvore impede o nascimento de plantas nativas e prejudica o hábito natural dos animais que vivem na área de mata. “A leucena bloqueia a germinação das espécies da Mata Atlântica e isso é ruim para a fauna e flora do bioma, onde cada espécie depende da outra”, disse.
Para frear a propagação das 'plantas invasoras', equipes da Semam em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), retiram essa vegetação e substituem por árvores nativas. Do início de 2013 até este mês foram plantadas 225 árvores nativas em substituição a leucena, castanhola e ficus, conforme informou Anderson Fontes.
“Essas substituições foram só na área urbana, onde plantamos espécies nativas como pau-brasil, pau-formiga, sibipiruna, pau-ferro, entre outras”, completou.
Anderson Fontes lembrou ainda que as plantas invasoras geralmente são trazidas de outras localidades pelas pessoas ou por aves, como pássaros e morcegos, que carregam as sementes da mesma, ou após a ingestão dos seus frutos defecam em áreas inapropriadas, onde não fazem parte do bioma e desequilibram outras espécies do local.
Substituição
Anderson Fontes acrescentou que a Prefeitura Municipal de João Pessoa não utiliza mais essas espécies exóticas em arborização de canteiros, praças e calçadas. Segundo ele, somente este ano foram plantadas 9.600 árvores na capital, em áreas degradadas e urbanas. Deste total, 3.500 foram inseridas nos parques estaduais, a exemplo do Jacarapé e Aratu.
“Orientamos que as pessoas que forem plantar algum arbóreo na frente de casa, quintal ou jardim, procure a ajuda de um profissional, que é oferecido gratuitamente pela Prefeitura, por meio da Divisão de Arborização e Reflorestamento, para poder classificar as espécies mais adequadas para o local”, pontuou. (Colaborou Katiana Ramos)
Origem das espécies
Segundo Anderson Fontes, a leucena é uma planta leguminosa, originária da América Central, que veio para o Sertão e Curimataú do Estado servir de alimento para o gado, mas invadiu as áreas de mata, principalmente plantadas como 'sombreiros', em frente às residências.
Quanto às castanholas e ficus, ele explicou que há estudos que apontam essas as espécies como tendenciosas a serem invasoras, pois embora representem uma parte significativa da arborização da cidade, a castanhola, por exemplo, foi plantada na orla na década de 1980 entre as praias do Bessa e Cabo Branco, prejudicando a mata nativa. “O fruto da castanhola pode ser levada por pássaros e morcegos ou após a ingestão do mesmo, essas aves defecam em uma área inapropriada, prejudicando plantas de menor porte”, ressaltou.
Com a ficus acontece o mesmo, segundo Fontes. “Ela foi plantada em demasia em áreas de parques e preservação e pode ser disseminada por aves ou pelo próprio homem. A castanhola e ficus são espécies exóticas e consideradas no meio urbano como plantas invasoras por se proliferarem dentro de matas, caso não haja esse controle”, observou.
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