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VIDA URBANA

À espera de doadores, fila para transplante cresce na Paraíba

Atualmente, 646 paraibanos esperam por um transplante para mudar de vida. Apesar disso, este ano, apenas 180 cirurgias foram feitas em todo o Estado. 

Publicado em 15/11/2015 às 12:00

Para os 646 paraibanos que estão na lista de espera por um transplante para mudar radicalmente sua qualidade de vida e, em muitos casos, escapar da morte, a informação que a realização destas cirurgias tem caído nos últimos cinco anos no Estado é uma péssima notícia. Mas entre 2010 e 2014, os transplantes cairão de 223 para 180 e até agosto deste ano aconteceram apenas 106. A Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos da Paraíba (CNCDOPB) aponta que a resistência das famílias dos potenciais doadores em autorizar a retirada dos órgãos e de profissionais de saúde para atestar a morte cerebral seriam as principais dificuldades.

A coordenadora da CNCDOPB, a médica nefrologista Gyanna Lys de Melo, explica que a realização de transplantes envolve várias etapas e serviços diferentes começam com a identificação do potencial doador, incluem o diagnóstico da morte encefálica, a manutenção do potencial doador, a autorização dos familiares para a doação, a captação dos órgãos e a realização dos transplantes pelas equipes especializadas. “Qualquer dificuldade vivenciada em algum destes seguimentos compromete o processo e, consequentemente, teremos diminuição dos números de transplantes”, garante.

Entre as maiores dificuldades para a realização dos transplantes estão a resistência dos profissionais da área de saúde realizar a abertura dos protocolos de morte cerebral, que é o passo inicial para garantir a manutenção do potencial doador, a autorização da família para a retirada dos órgãos, até a realização da cirurgia de transplante.

Para vencer a resistência de familiares de potenciais doadores de órgãos em autorizar os transplantes, Gyanna Lys alerta que todas as pessoas que concordam com a doação devem informar seus parentes de seu desejo para que eles possam viabilizar a cirurgia.

A médica confirmou a queda do número de transplantes nos últimos anos e lamentou o impacto negativo que a divulgação da redução tem na disposição dos futuros doadores. “Muitas pessoas quando tomam conhecimento dizem logo que não pretendem doar porque ninguém está doando”.

Para enfrentar o problema, a CNCDOPB vem realizando a 15ª Campanha Estadual para Doação de Órgãos e Tecidos e intensificando o trabalho de busca de possíveis doadores.

Gyanna Lys descartou problemas no financiamento para a realização de cirurgias como uma das possíveis na redução dos transplantes e lembrou que os procedimentos são pagos pelo Sistema Único de Saúde – SUS e os pacientes não arcam com nenhuma despesa. Um transplante de córnea custa, em média, cerca de R$ 2,5 mil; um de rim, R$ 15 mil; e o de fígado chega a R$ 40 mil.

Para o médico e diretor do Hospital Antônio Targino, em Campina Grande, um dos serviços de referência no Estado para os transplantes de rim, a quantidade de cirurgias utilizando a captação de doadores mortos poderia chegar ao dobro se os serviços da Central de Notificação e Captação fosse realizados de forma mais intensa na cidade.

“Todos os meses registramos uma quantidade grande de vítimas fatais de acidentes automobilísticos na cidade que poderiam doar. Falta uma ação mais intensa da Central”, avalia. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, os transplantes de rim com órgãos captados de doadores mortos caíram 19,04% entre 2010 e 2014.

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Jornal da Paraíba

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