VIDA URBANA
Abaixo-assinado pelo fim dos maus-tratos contra os animais
Organizações de proteção animal pedem o fim do uso de carroças com tração animal em Campina Grande; cerca de 400 carroceiros trabalham na cidade.
Publicado em 21/05/2013 às 6:00 | Atualizado em 13/04/2023 às 17:08
Os maus-tratos contra animais de tração acabaram mobilizando a sociedade civil, que através de organismos de proteção de Campina Grande estão realizando um abaixo-assinado pelo fim da escravidão dos equinos. Cerca de 400 carroceiros trabalham na cidade e muitos utilizam um sistema antiquado e violento.
Somente no Centro de Zoonoses estão abrigados 150 destes animais, a maioria apresenta lesões ou doenças, adquiridos pela tortura provocada por seus próprios donos.
O movimento está sendo realizado pelos organismos de Proteção Animal Vegetarianismo (PAV) e Ações Independentes de Libertação Animal (AILA), que também pedem a inclusão social dos carroceiros. De acordo com o membro da PAV, Johanns de Andrade, a iniciativa pretende exigir um posicionamento firme dos poderes públicos. “Muitos carroceiros não têm piedade e acham que o animal não sente dor, não deve descansar e acabam maltratando, deixando adoecer, passar fome ou sede. Infelizmente isso acontece muito pela falta de conhecimento desses donos, já que cerca de 90% é analfabeto e ganha menos que um salário mínimo”, contou.
Conforme o defensor, o intuito da mobilização é fazer com que nos próximos anos esse serviço diminua, mas com a inclusão dos trabalhadores em programas do governo, fazendo com que eles possam participar de cursos, incluindo a alfabetização e capacitação para exercer um novo ofício. Os mobilizadores também pedem uma reforma no Centro de Zoonoses de Campina Grande, que conforme explicou Johanns, está precário e sem condições de cuidar dos animais que são abrigados no local, que funciona no bairro de Bodocongó.
Segundo a diretora do Centro, Bárbara Barros, existe uma solicitação para uma reforma completa no local. De acordo com o setor de Estatísticas do local, até ontem pela manhã, 150 animais de grande porte estavam abrigados no Centro, dentre cavalos, éguas e asininos (jumentos).
Segundo o setor, chegam diariamente no local entre dois a três animais de tração. “Eles chegam em sua maioria muito maltratados, com alguma doença ou com alguma lesão, recebem tratamento e algumas vezes são disponibilizados para a adoção”, informou a funcionária Bianca Oliveira. De acordo com ela, o Centro segue uma lei federal, que pune quem maltrata animais, inclusive com a detenção do acusado.
Embora exista a legislação em âmbito nacional, um projeto de lei municipal ainda aguarda o seu funcionamento.
O projeto foi criado pelo vereador Olímpio Oliveira (PMDB) em 2011 e aprovado pela Câmara Municipal, contudo não recebeu sanção ou veto da administração municipal anterior e portanto, ainda não foi implementada. “O presidente da Câmara então promulgou a lei, mas agora aguardamos o envio de seu número pela Procuradoria Municipal, para que ela possa entrar em vigor”, disse.
O vereador explicou que a lei pretende acabar com o serviço dos carroceiros em até 10 anos, mas com o encaminhamento dos trabalhadores para programas assistenciais. De acordo com o procurador do Município, José Fernandes Mariz, até ontem pela manhã, o órgão não havia recebido nenhuma solicitação para enviar o número da nova lei. A mobilização pelo fim da escravidão animal deverá culminar em ações de conscientização na Praça da Bandeira, nos dias 28 e 29 deste mês.
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