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VIDA URBANA

Adolescente é quem puxa o bonde

Menores recebem ordens de dentro do presídio para manter o 'andamento' do tráfico e são peças de esquema criminoso.

Publicado em 02/09/2012 às 17:00

O poder dos adolescentes é apenas a parte visível de um problema bem maior que se esconde atrás das grades do sistema prisional da Paraíba. Apesar de coordenar as ações do tráfico em comunidades dominadas pelo crime, os adolescentes cumprem apenas determinações recebidas muitas vezes através de ligações e mensagens de celular, do verdadeiro líder, que se encontra recluso em unidades penais do Estado.

Para ditar as regras não é preciso usar muito a criatividade já que o uso dos celulares é uma realidade bastante conhecida no sistema prisional paraibano. O tenente Iury Agostini, comandante do Policiamento Solidário de Mandacaru, revelou que os adolescentes são apenas peças de um esquema criminoso comandado por apenados.

“Em algumas letras de funk eles cantam que o menor é quem 'puxa o bonde', a gente conhece essas pessoas e muitas vezes sabemos quem é, porque eles citam nomes. 'Puxar o bonde' é quem tem uma autonomia maior no grupo. Eles denominam de chefe, aquele cara que já possui um certo histórico na vida criminosa, tirou presídio”, contou Agostini.

O chefe é aquele que patrocina, que fornece o armamento, drogas e determina os pontos em que o entorpecente deverá ser comercializado. “Normalmente ele está fora do setor, vem apenas um dia e vai embora, isso quando o chefe está solto, porque na maioria das vezes ele está cumprindo pena em presídio”, revelou o tenente Agostini.

Já o tenente-coronel Lívio Sérgio frisou que os adolescentes são usados por pessoas de maior idade, tendo em vista que a grande maioria é usuária de drogas e passam a cumprir ordens, muitas vezes de apenados, para manter o vício. “Por vezes identificamos apenados que comandam o tráfico”, disse o tenente-coronel Lívio.

O comandante explicou ainda que o adolescente 'Maluquinho', apesar de ser um dos líderes é 'robotizado' e obedece ordens que partem de um presídio. “Isso é o que ocorre em todas as comunidades. Por trás dos adolescentes sempre há um presidiário liderando toda a ação. Esse é um dos grandes problemas do conjunto Gervásio Maia, onde o grande traficante já se encontra recluso”, concluiu Lívio Sérgio. O tenente Agostini explicou ser necessário uma medida eficaz que rompa o elo de comunicação entre os apenados e os adolescentes que coordenam o tráfico.

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Jornal da Paraíba

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