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VIDA URBANA

Agentes têm rotina de atleta

Principal obstáculo para essa categoria é o manuseio de material descartado inadequadamente, como vidros e metralha.

Publicado em 28/02/2015 às 6:00 | Atualizado em 21/02/2024 às 12:34

Praticamente invisíveis no trabalho que executam, os agentes ambientais são responsáveis pelo recolhimento de cerca de 21 mil toneladas de resíduos domiciliares por mês em João Pessoa. A maioria dos cerca de 800 mil habitantes da capital nunca parou para pensar como a cidade ficaria sem o trabalho desses homens que ganham o pão de cada dia, recolhendo o que ninguém mais quer em sua casa.

Os 300 agentes ambientais mantêm uma rotina digna de atleta, porque, para deixar a cidade limpa, é preciso, além de boa vontade, muito preparo físico. Em média, os agentes de limpeza percorrem de 10 a 20 quilômetros na jornada de trabalho diária recolhendo o lixo e jogando no caminhão que segue viagem a uma velocidade média de 14 quilômetros por hora.

A escala é alternada e o serviço pode ser executado durante o dia, à noite ou pela madrugada. Alekandre Bezerra, 35 anos, não se queixa do trabalho. Ao contrário, diz que gosta do serviço, se sente mais livre para executar as atividades do dia a dia. Diferente de quando trabalhava na construção civil, quando se sentia constantemente pressionado a exercer suas atividades rotineiras.

Emanoel Simões, que trabalha como agente de limpeza há cinco anos no período diurno, lembra que já passou pelo turno da noite. “Era mais tranquilo. O trabalho flui melhor sem trânsito e a temperatura amena da cidade contribui, mas depois que constituí família, tive filho, preferi trabalhar durante o dia”, argumenta.

Na empresa que presta serviço de limpeza urbana à Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), os agentes são divididos em equipes. Cada uma conta com quatro membros – o motorista e três agentes de limpeza. Em uma dessas equipes, o trio de agentes de limpeza é formado por Alekandre, Emanoel e Severino Antonio da Silva. Severino sorri quando questionado sobre o preparo físico necessário para o desempenho da função e diz que está preparado. “Há dias que chegamos a percorrer uns 30 quilômetros e ainda tem as partidas de futebol nos finais de semana”, brinca.

O engenheiro de Operações da Revita Engenharia, Aias Santino, que coordena a equipe, diz que os pré-requisitos para a contratação de agentes de limpeza é a experiência, o preparo físico e ter entre 20 e 40 anos. “Uma empresa especializada avalia em qual função o candidato melhor se enquadra, se na coleta, capinação ou varrição”, explica.

Segundo ele, há uma preocupação no acompanhamento da saúde dos agentes. “Três vezes por semana é feita ginástica laboral na empresa para prevenir problemas na coluna já que o trabalho exige bastante esforço físico”, completa.

O trio também tem seus truques para driblar o cansaço do dia a dia. Compra um complemento alimentar, procura ter cuidado nos movimentos diários ao subir e descer do caminhão compactador, além de chamar o companheiro de trabalho para dividir o peso quando a coleta excede o limite recomendável, principalmente no período de inverno, quando as sacolas de lixo tendem a ficar mais pesadas quando expostas a chuva.

Mas o principal obstáculo para essa categoria é o manuseio de material descartado inadequadamente. Eles citam o excesso de areia e metralha. “A sacola fica muito pesada e se rasga quando carregada para o caminhão”, diz Emanoel Simões. Resultado: atraso no serviço. Os agentes param a coleta para varrer o lixo que se espalhou no chão. Também não é recomendado colocar metralha no lixo porque há risco de danificar o equipamento de compactação.

Os agentes apontam ainda a preocupação com a falta de cuidado no descarte de vidro ou materiais cortantes. Severino Antonio da Silva já se cortou e levou três pontos em uma das mãos. “Quando jogarem vidro no lixo, as pessoas devem enrolar num jornal ou papelão. Tem gente que avisa quando joga vidro no lixo”, disse.

Agentes de limpeza da Emlur também são vítimas da imprudência da população. Ronildo dos Santos também se cortou com vidro durante a coleta. “O trabalho é rápido e não dá pra gente ficar analisando cada sacola. É preciso que a população nos ajude”. Já Ricardo Braga foi atropelado e passou três meses impossibilitado de trabalhar. “O motorista passou no sinal vermelho. Fiquei com receio de não poder mais trabalhar nessa função porque machuquei a coluna e as pernas. Graças a Deus deu tudo certo. Continuo correndo mais de dez quilômetros por dia”, declara.

Devido à dinâmica do serviço e a falta de cuidado de algumas pessoas torna-se indispensável o uso dos itens de segurança – luvas e botas, primordiais na prevenção de acidentes e doenças. Faz parte também do kit de segurança o protetor solar, farda de manga comprida, além de capa nos dias de chuva. As equipes da noite dispõem ainda de faixas reflexivas sobre o fardamento.

DESCARTE INADEQUADO É PREJUDICIAL À LIMPEZA
O engenheiro Josué Peixoto, há 27 anos na Emlur, aponta como um problema recorrente o descarte inadequado de resíduos, chamados “pontos de lixo” em terrenos baldios, canteiros ou calçadas. Segundo ele, essa ação atrapalha o processo de organização de limpeza da cidade, aumenta os riscos de proliferação de doenças nas residências próximas a esses locais e polui o meio ambiente, além de promover a poluição visual.

“É um problema sério. A coleta domiciliar atende atualmente 96% da cidade, ou seja, os 64 bairros. Os 4% restantes referem-se a áreas de difícil acesso ou que tenham sido alvo de invasões. Nesse caso, são adotadas coletas alternativas. Não há razão para parte da população continuar descartando seu lixo inadequadamente”, explica.

Recentemente, em 2014, a frota de veículos da Emlur foi renovada, o que facilitou a coleta e o controle do serviço, já que os veículos novos são equipados com GPS, que garante às concessionárias acompanhar o percurso do caminhão, hora e duração da viagem.

São 38 caminhões compactadores, que carregam de sete a doze toneladas de resíduos sólidos por viagem. Cada caminhão pode fazer até cinco viagens por dia dependendo do circuito da coleta e da distância do Aterro Metropolitano, destino final dos detritos. No total, as três empresas juntas coletam 700 toneladas diariamente. Esse número refere-se somente ao lixo doméstico e comercial, sem entrar no cálculo dos resíduos de varrição, capinação, entulhos e podas. A quantidade destinada para a coleta seletiva é de aproximadamente 300 toneladas por mês.

Após a coleta, o destino do lixo é o Aterro Metropolitano, localizado no bairro Mussuré, que atende seis municípios – João Pessoa, Bayeux, Santa Rita, Cabedelo, Alhandra e Conde.

INVESTIMENTOS EM RECURSOS HUMANOS
Para Lucius Fabiani, superintendente da Emlur, são necessárias ações em gestão, planejamento continuado, investimentos de recursos humanos e financeiros e a adequação de processos produtivos na implantação de projetos e programas contemplados no Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS).

“Além de entender que o lixo é de responsabilidade de cada um e de todos. Não apenas o município deve buscar implantar políticas eficazes para o descarte correto do lixo, mas as empresas, os comerciantes e os cidadãos devem ser parceiros nesse processo”, enfatiza.

Lucius Fabiani lembra que João Pessoa é uma das capitais do país que se destaca nesse processo, afinal desfez o lixão do Róger há mais de dez anos, implantou o Aterro Metropolitano e recentemente transformou em lei o Plano de Resíduos Sólidos. “Porém, será indispensável que a população se utilize desse instrumento de controle social em favor da melhoria da qualidade de vida dos pessoenses na execução do Plano, elaborado na perspectiva dos próximos 20 anos”, afirma.

DICAS
Atenção ao dia da coleta da sua rua.

Cuidado com o descarte de vidro ou materiais cortantes.Envolva num jornal, papelão ou tecido.

Evite colocar para coleta metralha, pois há risco de danificar o equipamento de compactação do caminhão.

Elimine os pontos de lixo. Você sabia que o rato busca alimento num raio de 10 a 50 metros do seu ninho?

Ligue Alô Limpinho
0800 0832425 – 3214 7628

Óleo combustível, Móvel em desuso, Lixo eletrônico, Entulho, Poda, Informações sobre a coleta – domiciliar e seletiva, Recolhimento de animal de grande porte (vivo/morto) Reclamações/críticas/elogios ou sugestões.

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Jornal da Paraíba

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