VIDA URBANA
Agricultores sentem na pele
Estudo desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, aponta alta incidência de câncer de pele.
Publicado em 15/04/2012 às 20:44
Muitas pessoas podem, sequer, perceber, mas uma das doenças que proporcionalmente tem afetado mais os paraibanos nos últimos cinco anos é o câncer de pele. De acordo com um estudo desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), 16% do total de 3.083 pacientes examinados entre 2007 e 2009 apresentaram um dos dois tipos da doença: o melanoma e o não-melanoma.
A falta de informação acerca dessa enfermidade, aliada à cultura de não utilizar o protetor solar no dia a dia, principalmente aos trabalhadores que ficam muito tempo expostos ao sol, têm contribuído para que os raios solares se tornassem um dos inimigos da saúde dos paraibanos.
Quem nunca havia ouvido falar na doença, e há dois anos precisou mudar completamente seus hábitos, foi o agricultor José Batista Brandão Neto, mais conhecido como Zé de Amélio. Hoje com 51 anos, o morador do Sítio Arapigum, em Lagoa Seca foi diagnosticado há dois anos com um dos tipos de câncer de pele que se desenvolveu no peito e braço.
“Eu fiz duas cirurgias no Hospital da FAP (Fundação Assistencial da Paraíba). A do peito resolveu, mas a do meu braço até hoje eu não me recuperei”, contou o agricultor, que é portador da anomalia genética denominada 'albinismo'.
Como explica o médico dermatologista Rogério de Assis, há dois tipos de câncer de pele: o melanoma, e o não-melanoma.
Desses, o mais perigoso é o primeiro, que é um câncer potencialmente letal, capaz de produzir metástases (atingir outras áreas do corpo). Já o segundo, é o mais frequente entre os agricultores que se expõem muito tempo ao sol.
“Geralmente, o trabalhador agricultor tem um risco maior a incidência de Câncer de Pele por conta da sua profissão. Mas, é importante dizer que os tipos são tratáveis através de cirurgias, ou com procedimentos de radioterapia e quimioterapia”, explicou o especialista.
Além de Zé de Amélio, seu irmão, Jurandir Brandão, que também é albino, acabou somando-se as estatísticas que apontam que a incidência do câncer de pele tem diminuído nos últimos três anos em Campina Grande, mas mesmo assim ainda é preocupante.
Em 2009 foram diagnosticados 68 pacientes com a doença.
Contudo, em 2010 e 2011, os números apontam para 48 e 40 afetados, respectivamente. “De uma forma geral, os dados apontam para uma diminuição. Mas, a maior parte dos casos é tratado no ambulatório, o que dificulta sabermos do número real que deve ser bem maior do que os divulgados. Aqui na FAP, a média é de 85 atendimentos por mês entre os dois médicos dessa área”, acrescentou Rogério.
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