VIDA URBANA
Água da chuva pode causar doenças
Diarreia, hepatites, verminoses e doenças de veiculação hídrica podem ser contraídas pelo contato com água acumulada das chuvas.
Publicado em 27/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 02/02/2024 às 11:07
A velha brincadeira de criança de tomar banho de chuva com os pés descalços pode se reverter em sérios problemas de saúde, assim como o contato direto do adulto com as águas pluviais acumuladas em pontos de alagamentos, que resultam em diarreia, hepatites, verminoses, entre outras doenças. O Núcleo de Fatores Não Biológicos da Secretaria de Estado de Saúde (SES) alerta para os cuidados que devem ser adotados nesse período chuvoso.
O prognóstico climático da Agência Executiva de Gestão as Águas do Estado da Paraíba (Aesa) para hoje no Litoral, Brejo e Agreste é de que o tempo deverá permanecer com muitas nuvens e ocorrência de chuva no decorrer do dia. Já nas demais regiões do Estado, a previsão é de nebulosidade variável.
As patologias de veiculação hídrica se confundem com doenças de outras origens, que podem ser causadas por uma má alimentação e o uso de medicamentos, por exemplo, por isso é difícil estimar uma incidência de casos, principalmente no inverno, quando a ocorrência de chuvas é maior em comparação aos outros períodos do ano, segundo o chefe do Núcleo de Fatores Não Biológicos da SES, Emanoel Lira. “Os riscos oferecidos pelo contato com as águas da chuva são os mesmos de qualquer água que não seja adequadamente tratada e armazenada. Entre as principais doenças se destacam as diarreia, hepatites, verminoses e leptospirose (transmitida pela urina do rato)”, explicou.
Para quem mora próximo às margens de rio, que sofre cheias no período chuvoso, os riscos são ainda maiores. A dona de casa Rosa Maria, 45 anos, reside na comunidade Tito Silva, no bairro de Miramar, em João Pessoa, e conhece bem o problema. Ela tem duas crianças em casa, um filho de 10 anos e uma netinha de 2 anos. “Quando chega o período de chuva a nossa preocupação aumenta, não só pelos prejuízos com os móveis, mas principalmente com a saúde das crianças. Quando a gente menos espera, tem um descalço com os pés na água”, relatou.
Nunca andar com os pés descalços em contato com a água é uma das recomendações repassadas pelo chefe de Fatores Não Biológicos. “É necessário usar roupas adequadas, botas e luvas de borracha se tiver que entrar em contato com as águas supostamente infectadas, evitando andar descalços em áreas alagadas, além de ter todo cuidado com o armazenamento de água, fazendo a limpeza nos reservatórios”, orientou.
Além disso, Emanoel Lira garantiu que a SES realiza a distribuição de hipoclorito de sódio durante todo o ano para as secretarias municipais, para que estas repassem para os moradores das áreas periféricas das cidades, bem como para o interior do Estado. “Na entrega, a população é orientada de como usar o produto para tratar a água antes do consumo, seja para beber, cozinhar, tomar banho ou fazer as atividades de limpeza doméstica”, disse.
De acordo com a Aesa, a perspectiva é de que nos próximos dois meses as cidades litorâneas, que já lideram o ranking das chuvas, consolidem os maiores índices pluviométricos da Paraíba em 2014. “Esse ano já choveu 1.175,2 milímetros na Baía da Traição, 994,5 milímetros em Alhandra e 946,6 milímetros em João Pessoa. Esses números devem aumentar de forma significativa, já que a perspectiva é de chuvas dentro da média. Em algumas cidades, a pluviometria pode ser acima da esperada”, informou o gerente de Monitoramento e Hidrometria da Aesa, Alexandre Magno.
QUATRO RESERVATÓRIOS SANGRAM NA PB
As chuvas deste mês já provocaram o 'sangria' de quatro reservatórios paraibanos monitorados pela Aesa, sendo eles Gramame-Mamuaba, em João Pessoa, Jangada, em Mamanguape, Olho d’Água, em Mari, e Araçagi, localizado na cidade de mesmo nome.
Segundo o setor de Monitoramento e Hidrometria do órgão, que acompanha o nível de 124 barragens em todo o Estado, outros sete açudes estão com nível acima dos 90% da capacidade máxima. São eles: Marés (93,1%), em João Pessoa; São Salvador (90,3%), em Sapé; Tavares II (90,8%), no município de Tavares; São José II (99,7%), em Monteiro; Santa Rosa (99,4%), em Brejo do Cruz; Cafundó (93,4%), em Serra Grande; e Poço Redondo (96,4%), em Santana de Mangueira.
“A tendência é de que as recargas aconteçam de forma ainda mais significativa em julho e agosto, já que nesse período ocorrem as chuvas que são responsáveis por 70% do abastecimento dos reservatórios do Litoral”, disse Alexandre Magno. Ele acrescentou que outros 68 reservatórios monitorados pela Aesa estão com capacidade armazenada superior a 20%, 32 com menos de 20% e 20 têm menos que 5% do seu volume total.
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