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VIDA URBANA

Água de esgoto é usada para irrigar plantações em CG

Água suja está sendo desviada da tubulação antes de chegar em estação de tratamento.

Publicado em 27/11/2013 às 6:00 | Atualizado em 04/05/2023 às 12:25

Boa parte da água de esgoto de Campina Grande está sendo desviada, direto das tubulações, antes de chegar às estações de tratamento. Esta água suja é utilizada em irrigações e plantações na cidade. A denúncia é da coordenadora do Plano Municipal de Saneamento Básico, professora Patrícia Feitosa. O planejamento começou a ser desenvolvido em junho e será concluído em novembro de 2014, para traçar diagnósticos e estudar soluções para este e outros problemas de saneamento na cidade. Foram investidos no projeto, R$ 686 mil, sendo R$ 550 mil oriundos do governo federal e R$ 136 mil em contrapartida da prefeitura.

De acordo com a professora Patrícia Feitosa, que também é coordenadora do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), doutora em saneamento e orientadora da pesquisa que revelou o desvio, a tubulação com a água residuária que deveria seguir para as estações está sendo quebrada para que a água seja desviada.

“Em Campina temos um sistema separador, toda a água de esgoto tem que estar separada da água de drenagem, mas nesta pesquisa, constatamos, através do cálculo da lâmina de esgoto que está chegando à estação, que somente 5% da água residuária está chegando de fato na rede de tratamento. A população está quebrando a canalização para utilizar na irrigação e boa parte dos esgotos está entrando clandestinamente nos canais de águas pluviais, que deveriam ser somente de água pluvial e o esgoto deveria ser somente água de esgoto”, explicou a professora.

Ainda conforme a professora, esta água suja que não chega às estações de tratamento irriga até plantações de tomate na cidade. “É a água que sai das nossas casas, das torneiras das pias, dos sanitários. O pessoal tira de dentro da canalização e joga direto na irrigação. Água de esgoto literalmente, que está saindo direto para irrigações de capim na cidade, que pode afetar até a qualidade do leite animal, da carne. Irrigam até tomates, que talvez seja um dos cultivos mais suscetíveis à contaminação”, enfatizou.

CAGEPA ACHA LIGAÇÕES CLANDESTINAS

De acordo com o subgerente de controle operacional da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) em Campina Grande, Ronaldo Meneses, foram encontradas este ano, pelo menos dez ligações clandestinas ao longo de 20 quilômetros, nas tubulações que saem das adutoras até as estações de tratamento, entre as estações de Gravatá e Boqueirão. “Não sabemos os fins específicos. A água está bruta, ou seja, ainda não passou pelas etapas de tratamento.

Mas acreditamos seja para fins de agricultura. Quando a Cagepa identifica, imediatamente corrige o problema. No momento estão sendo elaborados autos de infração que devem ser encaminhados ao Ministério Público e podem gerar multas ou punição de crime por furto de água”, esclareceu.

Sobre os desvios nas ligações urbanas, que levam a água de esgoto até as estações, Ronaldo reconheceu que os casos são inúmeros. “São os chamados gatos, ligações clandestinas na rede de distribuição. Todos os dias surgem novas denúncias que são investigadas e o problema é imediatamente corrigido. Mas logo surgem novos casos, o que dificulta um cálculo de perdas”, falou.

Plano de Saneamento Básico. O Plano de Saneamento Básico irá investigar em que escala o problema está acontecendo.

“Vamos poder levantar como é que seria bairro por bairro. É um problema difícil de controlar e fiscalizar porque a Cagepa conserta hoje, mas na semana seguinte já se quebra novamente. Tem locais que tem cano de PVC dentro do canal do esgoto, puxando esgoto para irrigação”, disse.

Na prática, o planejamento irá resultar a médio e longo prazo na melhoria na coleta e tratamento de esgotos, dos sistemas de drenagem, de tratamento de esgoto efetivo, na qualidade da própria água de abastecimento e consumo, e consequentemente, na melhoria do meio ambiente e condições de vida. “Será avaliado o que é que precisa ser investido, para garantir água de qualidade e a universalização dos serviços.

Estamos começando o levantamento da área saneada de Campina Grande e a estimativa é que aproximadamente 70% da cidade tem coleta de esgoto”, explicou.

Exigência do governo federal, estabelecido pela Lei Federal 11.445/07, o plano será dividido em quatro etapas. A primeira, que teve início na última segunda-feira, compreende a realização de 16 audiências públicas com a população para levantar os problemas de todos os bairros de Campina Grande.

Depois disso será elaborado um diagnóstico com avaliação de um comitê fiscalizador com representantes de várias entidades, inclusive a Cagepa, e a Caixa Econômica Federal (CEF) para liberação de verbas. A próxima etapa é o estabelecimento de um plano de metas, que devem ser atingidas em até 20 vinte anos, com um plano de acompanhamento para que não haja desvios de prioridades.

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Jornal da Paraíba

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