Alunos pedem melhorias para curso de Medicina

Um dos principais objetivos dos estudantes que querem ingressar na universidade, o curso de Medicina vem enfrentando dificuldades nas universidades federais da Paraíba. Desde o número ocioso de vagas na graduação, falta de professores, estágio e principalmente os problemas na estrutura de laboratórios. Essas são as principais queixas dos alunos da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), que oferece o curso em Campina Grande e Cajazeiras, e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que cobram mais investimentos e qualidade no ensino.

Com 445 alunos matriculados na graduação e 41 em período de residência, a UFCG tem como principal reivindicação do quadro discente melhorias nas instalações antigas dos laboratórios práticos e a não substituição de cadáveres utilizados para o estudo do corpo humano. De acordo com o aluno do 3° período, Túlio Maranhão, que também é presidente do Diretório Acadêmico do curso, está se tornando cada vez mais difícil conseguir fazer o aprofundamento em determinados assuntos vistos em sala de aula pela falta de estrutura do laboratório.

“Todas as peças (cadáveres) que têm no laboratório são antigas. Muitas nunca foram trocadas, estão cheias de lesões e isso dificulta muito o nosso estudo. Estamos esperando uma reforma no laboratório, que seria fruto de um estudo dos próprios alunos apontando as dificuldades, mas até agora não foi feito nada”, disse Túlio Maranhão. Já a estudante Gabriela Vaz foi mais contundente na avaliação sobre a necessidade de um investimento urgente nos laboratórios.

“Não dá para identificar muita coisa. Em determinados momentos temos que utilizar a imaginação porque o professor ou monitor nos mostra indicando o que deveria estar na parte do corpo que está exposta. Em muitas peças a conservação não é feita de forma correta e isso prejudica nosso estudo”, disse a aluna, apontando que nas aulas teóricas a universidade apresenta boa estrutura, mas que todos reivindicam mais investimentos no ensino prático.

Para o coordenador do curso de Medicina, em Campina Grande, Mário Oliveira, a dificuldade para a renovação das peças dos laboratórios vai da doação até a aquisição de bonecos sintéticos que são muito caros para ser adquiridos pelo ensino público. De acordo com ele, as condições de ensino não chegam a ser impraticáveis, mas a UFCG tem feito melhorias tanto na estrutura de sala de aula, como também na atualização dos laboratórios.

Outro desafio para a qualificação do curso é o preenchimento total das vagas oferecidas pela universidade. De acordo com o professor Mário Oliveira, a média de alunos por turmas é de 32 estudantes, quando a possibilidade é de atender até 45 discentes. Segundo ele, essa dificuldade foi criada por conta da mudança no processo de seleção no ingresso da UFCG, uma vez que de muitos aprovados para cursar na instituição acabam desistindo da matrícula.

“Por termos substituído o vestibular convencional pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), acabamos enfrentando isso. Acabamos fazendo muitas chamadas para formar uma turma com no mínimo 30 alunos, mas isso não é por problema com a universidade. É algo que o sistema de ensino acabou oferecendo. Mas, estamos aprimorando e buscando realizar um número menor de chamadas para que nenhuma turma acabe sendo prejudica por passar muito tempo para ser formada”, explicou.