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VIDA URBANA

Amor incondicional dos pais transforma vida de crianças especiais

Conheça histórias de famílias que quebram barreiras todos os dias e não medem esforços para incentivar filhos nas atividades diárias e motoras.

Publicado em 01/02/2015 às 10:19 | Atualizado em 27/02/2024 às 17:49

O carinho dado pela família é transformador na vida das crianças com necessidades especiais. Quando as limitações físicas impedem as pessoas com deficiência de realizarem algo, o amor que elas recebem em casa é substancial para motivá-las a superar os obstáculos e realizar seus sonhos, quebrando as barreiras do preconceito. Prova disso é a história da dona de casa Ana Paula da Silva, 36 anos, e do motorista Ewandeslan Nóbrega Fernandes, 41 anos, pais de Joaquim Silva Fernandes, 8 anos, que tem paralisia cerebral e usa os pés para realizar seus afazeres diários na casa onde mora no bairro de Bodocongó, em Campina Grande.

Com olhos voltados para a televisão, Joaquim disputa com seu irmão mais velho, Betuel Safaty Silva, 15 anos, uma acirrada partida de futebol no videogame. Monitorando o controle com os dedos dos pés, ele arma as jogadas para conseguir vencer o adversário, pois não fica muito satisfeito quando perde o jogo. A habilidade com os membros inferiores também é utilizada na hora de estudar, onde, determinado, ele digita as letras que formam o seu nome e enche de orgulho os pais que vibram a cada conquista dele. “Meu filho foi diagnosticado com uma deficiência intelectual e com essa idade já conhece todas as letras, consegue ler algumas palavrinhas e escreve tudo o que nós soletramos para ele. Isso me deixa muito feliz”, destacou Ana Paula.

Reconhecendo essas e outras potencialidades do filho, os pais não medem esforços para atender aos desejos de Joaquim. Pensando em dar o conforto necessário para que ele possa se divertir enquanto criança, a casa onde a família mora é repleta de brinquedos que foram adaptados para atender às suas necessidades. “O sonho dele era ter uma moto elétrica. Nós fomos a uma loja e compramos. A alegria dele foi tão grande quando viu o presente que emocionou a todos que estavam por perto. Colocamos uma cadeirinha apropriada para ele e o levamos para o Parque da Criança, onde ele adora brincar”, disse a mãe.

Não só os desejos materiais de Joaquim são atendidos pelos pais, como também eles se empenham em realizar os sonhos que ele tem. Apaixonado por futebol e torcedor fanático do Corinthians, Joaquim é carregado pelo pai, através de uma vestimenta especial, desenvolvida nos Estados Unidos, chamada Upsee, que dispensa o uso da cadeira de rodas por alguns instantes e faz com que os dois se divirtam juntos jogando bola. “Eu levo ele assim para todo lugar, é muito bom ter esses momentos com ele”, comentou o pai.

Todas as atenções da família parecem estar voltadas para a criança, que de uma maneira muito especial trouxe um novo sentido para a vida deles. O pai, a mãe e o irmão reconheceram em Joaquim um amor capaz de superar as dificuldades. Unidos por essa causa, eles incentivam o menino a acreditar em si próprio. Recebendo essa dose de ânimo diariamente, Joaquim é uma pessoa cheia de planos para o futuro. Mesmo com dificuldades na fala, ele responde sem titubear que ao chegar à fase adulta quer ser goleiro e médico também. Se isso realmente vai acontecer a família ainda não sabe, mas torce para que ele seja feliz com suas escolhas e limitações.

Chegada do filho muda rotina e valores

Lidar com um filho que tenha algum tipo de deficiência não é uma tarefa fácil. A notícia de que foi gerada em seu ventre uma criança que necessita de cuidados especiais é um impacto para as mães que não estavam preparadas para conviver com esse tipo de situação. Somente o amor materno, segundo Cleide Maria Lira Amorim, mãe de Gabriel Lira de Amorim Ferreira, 13 anos, que tem deficiência motora e intelectual, é capaz de fazer os filhos enxergarem que existe um mundo que ultrapassa as paredes da casa onde moram no bairro da Prata, em Campina Grande.

“Ao receber um filho especial em casa, naturalmente muda toda nossa rotina. Em seguida muda nossos valores, nossa forma de encarar a vida, nossa cabeça e sobretudo, nosso coração. As dificuldades da vida antes encaradas com tanta preocupação, hoje são vistas de uma forma mais tranquila”, comenta Cleide, aliviada. Ela enfrentou complicações durante a gravidez, e o seu filho nasceu faltando seis dias para o oitavo mês de gestação.

Diante da situação que colocou em risco a vida de Cleide e a de Biel, como ela costuma chamar carinhosamente o filho, a fé foi a alternativa encontrada por ela para superar os momentos de dificuldades. “Em um dos tantos dias difíceis eu disse: Senhor, não me tiras esse filho, permites que ele venha ao mundo, que eu possa criá-lo e que ele seja muito feliz. Envie ele da forma como achares melhor, porque seja feita a tua vontade”, pediu Cleide.

Em casa, ela passou a incentivar Gabriel a participar de comerciais publicitários, e vem notando que isso tem contribuído para a socialização do filho e também para aumentar a autoestima dele. “Ele é o exemplo de fé, perseverança e a luz que ilumina nossas vidas. Ele nos mostra como é fácil ser feliz, como o simples é encantador, como a vida é bela, como tudo podemos vencer, desde que nos dediquemos, desde que depositemos amor”, finalizou Cleide.

Grupo reúne mais de 800 mães na Paraíba

Da necessidade de compartilhar a experiência de conviver com um filho com deficiência, há um ano e seis meses Cleide Lira criou o grupo 'Mães Especiais da Paraíba'. Atualmente ele é composto por 805 mães, que se uniram com o propósito de lutarem juntas pela inclusão social da pessoa com deficiência para que tenha uma melhor qualidade de vida. As mães também buscam desmistificar o sentimento de pena que a sociedade cria em torno dos deficientes e mostrá-los como seres capazes.

“A ideia de criar o grupo surgiu a partir do momento em que sendo mãe de Gabriel eu vinha enfrentando ao longo dos anos diversos obstáculos, bem como passando por situações que acreditava que eu poderia dividir com outras mães daqui de perto, tanto minhas experiências quanto dúvidas, conquistas e uma gama de coisas que envolvem a maternidade de uma criança com deficiência”, disse a idealizadora.

Através de uma página no Facebook, as redes sociais passaram a ser um ponto de encontro dessas mães que apoiam umas às outras para poder lidar melhor com o diagnóstico dos seus filhos.

Os membros do grupo se reúnem para discutir assuntos relacionados a terapias, profissionais, escolas, lazer, tratamentos alternativos, entidades, direitos e acessibilidade. Elas promovem passeios e engajam seus filhos em campanhas publicitárias para alertar as pessoas sobre a importância de aprender a conviver com o diferente. Assim, elas ultrapassaram a virtualidade para se tornarem reais, ajudando os filhos a terem uma vida melhor e mais inclusiva.

O grupo “Mães Especiais da Paraíba” produziu um calendário com imagens temáticas de crianças especiais com o objetivo de arrecadar recursos para a instalação do “Espaço Inclusão”. Um parque adaptado com equipamentos e brinquedos apropriados para as necessidades de crianças que possuem algum tipo de deficiência, que será montado no Parque da Criança, em Campina Grande.

Quem desejar contribuir pode adquirir o calendário que está sendo comercializado por R$ 25 nas cidades de Campina Grande e João Pessoa.

Além de uma fanpage, o grupo criou um site, onde disponibiliza uma lista com entidades para atender crianças com algum tipo de deficiência; guias de reabilitação e a legislação vigente.

As pessoas interessadas em ajudar podem entrar em contato com a coordenadora através do telefone (83) 9982-8857 ou do e-mail:[email protected]

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Jornal da Paraíba

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