VIDA URBANA
Amor pelo Carnaval une família em João Pessoa
Curtir os dias de Momo virou tradição para a família Toledo, que se prepara para a folia.
Publicado em 14/02/2015 às 6:00 | Atualizado em 22/02/2024 às 15:56
“A primeira lembrança que eu tenho do Carnaval é quando eu brincava no bloco Piratas de Jaguaribe, um bloco tradicional do bairro. Eu devia ter uns 9 ou 10 anos”, conta o funcionário público Antônio Toledo, de 44 anos. Ele, que é diretor do Bloco dos Atletas e também presidente do Folia de Rua, projeto que existe há 29 anos em João Pessoa e que organiza os blocos responsáveis por animar a cidade, comenta que a infância era agitada nos meses de janeiro, fevereiro e, algumas vezes, março.
“Tenho um irmão e minha mãe saía conosco, comprava máscaras. A gente acompanhava tudo. Tinha também aquele mela-mela, que era um cano com água que usávamos para molhar as pessoas. Hoje é proibido, mas naquele tempo era liberado e saudável”, afirma, destacando que a família sempre faz questão de estar unida na época de folia, se fantasiando e se preparando com antecedência para ir às ruas.
Uma grande influência para esta paixão, conforme ele, são os pais – Valdemira Toledo, mais conhecida como dona Mira, de 74 anos, e Edval Toledo, o senhor Didi, de 78 anos. “Eles têm uma história muito forte com o Carnaval e brincavam muito, isso quando meu pai tinha a permissão de minha avó para sair com minha mãe, porque naquele tempo era tudo mais rígido em casa”, frisa, exaltando o orgulho que sente.
“Meu pai não brinca mais por causa da idade. Mas onde tem Carnaval, minha mãe está. Ela, além de desfilar no bloco da Melhor Idade, também brinca nas escolas de samba do Carnaval Tradição. Geralmente, sai na ala das baianas. O que me inspira é essa vontade dela de participar, até porque ela já teve AVC (acidente vascular cerebral), tem problemas cardíacos, mas mesmo assim não larga”, revela, contando uma passagem que ratifica o amor da matriarca pela festa.
“Ano passado, fomos ao Rio. Foi toda a família. Eu e Cristina, minha esposa, desfilamos na Beija-Flor e trouxemos aquela fantasia imensa. E minha mãe decidiu que iria desfilar com ela neste ano, tanto no baile Vermelho e Branco, do Clube Cabo Branco, quanto na Duarte da Silveira. A fantasia é realmente enorme, pesada, com muitas lantejoulas. O vigor e prazer dela nos motiva”, diz ele, entusiasmado.
E a motivação é tanta, que a nova geração, maravilhada com a história dos avós, não quer ficar de fora da comemoração. Entre filhos e enteados, Antônio sustenta que todos, desde pequenos, se alegram com o período e não querem saber de outra coisa, a não ser se divertir. A mais nova, Letícia, de 4 anos, fez a cabeça dos pais para sair toda fantasiada no bloco Muriçoquinhas, que aconteceu na última segunda-feira, dia 9. “Já o Rodrigo, de 21, mora na França porque está fazendo o Ciência Sem Fronteiras, mas voltou só para brincar o Carnaval”, finalizou Antônio.
FESTA REFORÇA OS LAÇOS FAMILIARES
Para quatro irmãs que moram na capital, a ansiedade para os carnavais futuros se entrelaça com a nostalgia dos tempos de juventude. Responsável por apresentar e detalhar a história da família, a professora aposentada Shilon Gama, de 64 anos, presidente do Bloco da Melhor Idade, revela que o encanto pelas festas carnavalescas vem de muito cedo.
“A gente gostava de brincar, mas brincar mesmo! Minha mãe sempre foi muito envolvida com o Carnaval. E, quando saímos de Cruz das Armas e nos mudamos para a cidade dos Funcionários, começamos a implantar o Carnaval lá, de forma pioneira”, menciona.
Quem confirma o relato é a funcionária pública Mônica Gama, de 53 anos, outra das irmãs. “Nossa mãe é uma pessoa de muita tradição e fundou o Bloco da Saudade. E desde criança estou acostumada com isso. Os blocos iam para minha casa, minha mãe me preparava, fazia fantasia, tinha um trabalho todo. O pessoal ia conversando com ela, marcava uma hora para chegar lá, era tudo muito divertido, sem drogas, nem violência”, expõe.
Para Mônica, os valores compartilhados pelos pais com elas e com as demais irmãs – Zélia Gama, de 70 anos, e Zita Gama, de 68 – renderam bons frutos. “Isso a gente não compra. E muitas famílias não sabem o peso disso, que é estar junto nas celebrações, construir laços”, exalta, completando que os filhos e netos dos Gama continuam festejando.
“Meus filhos, por exemplo, são bastante animados. Um deles fala assim: 'sou igual a minha mãe, onde tem alguém batendo uma lata, estou junto'. Eles sempre curtem”, finaliza.
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