VIDA URBANA
Ano do Laicato: Dom Dulcênio conclama leigos para transformarem a sociedade
CNBB defende participação popular na democratização do Estado.
Publicado em 19/12/2017 às 19:22 | Atualizado em 20/12/2017 às 8:15
Para a Igreja Católica, 2018 vai ser marcado como o Ano Nacional do Laicato. Iniciado em 26 de novembro do corrente, vai até 25 de novembro . O tema é Cristãos leigos e leigas, sujeitos na “Igreja em saída”, a serviço do Reino. Já o lema é “Sal da Terra e Luz do Mundo”. Nesta terça-feira (19), o bispo de Campina Grande, Dom Dulcênio Fontes de Matos Pontes, disse que os leigos são tão importantes na Igreja Católica quanto o padre, o bispo e o papa.
“A igreja é composta de padre, bispo, papa e os leigos. Então, nós caminhamos juntos. E o que eu espero do leigo é que exatamente ele assuma a sua missão de leigo. Eu vou fazer de tudo a minha missão de bispo, os padres como os padres e os leigos como os leigos, justamente transformando a sociedade e sendo igreja de verdade”, ressaltou Dom Dulcênio.
O bispo reforçou a necessidade de promover cada vez os leigos, sabendo que a Igreja está cada vez mais precisando da missão e do trabalho deles e que ninguém se sinta excluído. “Com as graças de Deus, nós vamos trabalhar e fazer o Reino de Deus acontecer. Vamos animar e fazer cada vez o que a igreja pede mais de nós: a igreja na construção no trabalho de evangelização, no trabalho social e daí por adiante”, conclamou Dom Dulcênio.
Ano eleitoral
O Ano Nacional do Laicato terá coincidência com a movimentação eleitoral em torno de eleições quase gerais no Brasil, logo o tema da participação dos leigos no campo político poderá ser retomado nas comunidades de todo o País. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em sintonia com a palavra do episcopado latino-americano e caribenho, em documento aprovado na assembleia geral do ano passado, “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade”, chamado de documento 105, traz orientações práticas para o assunto.
O documento 105 da CNBB recorda: “no mundo da política, sendo missão do cristão leigo direcionada de modo especial para a participação na construção da sociedade, segundo os critérios do Reino, três elementos são fundamentais: formação, espiritualidade e acompanhamento” (n. 263).
Seis iniciativas
Para se chegar a realização desses princípios, a CNBB propõe uma série de seis iniciativas que precisariam ser tomadas pelas comunidades. A primeira delas seria aquela de estimular a participação dos leigos na política: “Há necessidade de romper o preconceito comum de que a política é coisa suja, e conscientizar os leigos e leigas de que ela é essencial para a transformação da sociedade”.
A segunda iniciativa sugerida no documento é “impulsionar os cristãos a construírem mecanismos de participação popular que contribuam com a democratização do Estado e com o fortalecimento do controle social e da gestão participativa”. A terceira é “incentivar e preparar os cristãos leigos e leigas a participarem dos partidos políticos e serem candidatos para o executivo e legislativo, contribuindo, deste modo, para a transformação social”.
Na lista das iniciativas sugeridas pela CNBB no documento que foi fruto de uma longa e profunda reflexão, realizada vários anos, em toda a Igreja no Brasil, os bispos lembram que é preciso “mostrar aos membros das nossas comunidades e à população em geral, que há várias maneiras de tomar parte na política: nos Conselhos Paritários de Políticas Públicas, nos movimentos sociais, nos conselhos de escola, na coleta de assinaturas para projetos de lei de iniciativa popular, nos comitês da lei 9840/99 de combate à corrupção eleitoral e da lei 135/2010, conhecida como lei da ficha limpa”.
Ação transformadora
A quinta sugestão de iniciativa presente na 3ª e última parte documento que trata da “Ação Transformadora na Igreja e no Mundo” é a seguinte: “incentivar e animar a constituição de Cursos e/ou Escolas da Fé e Política ou Fé e Cidadania, ou com outras denominações, nas Dioceses e Regionais”. E a última recomendação dessa passagem do documento: “acompanhar os cristãos que estão com mandatos políticos (executivo e legislativo), no judiciário e no ministério público e os que participam de Conselhos Paritários de Políticas Públicas, a fim de que vivam também aí a missão profética, promovendo reuniões, encontros, momentos de oração e reflexão e retiros”.
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