VIDA URBANA
Apesar da lei existir há 10 anos, faltam intérpretes de Libras
Portadores de limitação auditiva, enfrentam dificuldades pela falta de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais nas escolas paraibanas.
Publicado em 25/04/2012 às 6:30
O dia de ontem foi de reflexão para a celebração dos 10 anos da Lei da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Contudo, além da comemoração pela conquista proporcionada pela lei que propõe inclusão e educação aos deficientes, os portadores de limitação auditiva, que segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contabilizam mais de 5,7 milhões em todo Brasil, sendo mais de 152 mil na Paraíba, ainda apontam problemas que se misturam ao preconceito dentro de casa e a falta de estrutura para a inclusão na sociedade.
Aluno da Escola de Audiocomunicação de Campina Grande (EDAC), José Francisco Rodrigues, 28 anos, encontra muitas dificuldades que se assemelham a outros surdos que buscam ser aceitos na sociedade. Ao todo, segundo informações da Fundação de Apoio ao Deficiente (Funad), são cerca de 50 escolas distribuídas em toda Paraíba que recebem alunos com deficiência auditiva.
De acordo com Sandra Verônica, membro da Coordenadoria de Atendimento ao Portador de Deficiência Auditiva da Funad, que não soube precisar quantos alunos estão matriculados neste ano letivo, o principal desafio da gestão é atingir um número satisfatório de intérpretes nas escolas.
“Nós não temos ainda escolas bilíngues no Estado, mas temos nos esforçado para que as unidades de ensino que atendam esses alunos possam ter condições de fazer um bom trabalho.
Em João Pessoa são cerca de 20 escolas e uns 60 intérpretes.
Mas, sabemos que em algumas escolas o número ainda é insuficiente. Por isso, pedimos que os gestores solicitem à sua gerência regional que esses profissionais comecem a trabalhar”, disse Sandra, que acrescentou que além de Campina Grande, Bayeux, Santa Rita, Itabaiana, Conde, Cajazeiras, Patos, Sapé, Sousa e Pombal possuem escolas para portadores de deficiência auditiva.
A falta de intérpretes em Campina Grande tem proporcionado dificuldades para José Francisco. Único deficiente em sua casa, onde moram além da mãe e o avô, quatro irmãos e nenhum tem sequer um conhecimento básico da língua de sinais, era na escola onde ele poderia encontrar apoio para superar as dificuldades do cotidiano. Mas, com apenas um profissional especializado na tradução para Libras, o estudante aponta as dificuldades que ainda precisa superar.
“Eu sinto vergonha quando não estou na escola. Em casa ninguém conversa comigo, quando eu chego e tento falar com eles qualquer coisa, ninguém me dá atenção. Minha mãe diz que não tem mais condições de aprender Libras. Muitas vezes as pessoas me veem como problema e isso me deixa muito triste.
Eu preciso passar por uma perícia médica, mas por não ter um intérprete eu estou correndo o risco de perder um benefício que tenho direito”, contou Francisco, com tradução da professora Maria do Socorro Leal Cabral.
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