VIDA URBANA
Artesanato ajuda na conquista da independência financeira
Vila do Artesão movimenta R$ 20 mil por mês na economia por conta da venda de peças.
Publicado em 04/09/2016 às 7:01
As mãos confeccionam peças em couro e traduzem uma história de envolvimento com a arte e amor pelo trabalho artesanal. É dessa relação intensa que aos 58 anos o artesão Biagio Grisi se sente realizado pessoal e profissionalmente, depois de ter encontrado no artesanato uma nova forma de ganhar a vida. Ele mora em Campina Grande e é um dos 300 artesãos que comercializam seus produtos na Vila do Artesão, no bairro do São José. Juntos, esses artesãos movimentam em média R$ 20 mil por mês na economia da cidade, contribuindo também para a construção de uma identidade regional e da valorização da cultura popular, de acordo com a coordenação do espaço.
Há cerca de dez anos Biagio decidiu trabalhar com tipologia couro, mas a história dele com o artesanato surgiu diante de uma situação inesperada. Aos 42 anos, ele, que era vendedor, ficou desempregado e na condição de provedor de renda da casa se viu na obrigação de buscar uma nova fonte de renda. Ele decidiu então vender bombons, mas não obteve êxito nessa atividade e foi aí que o artesanato entrou no caminho dele. Biagio começou a fazer peças em cestaria e depois migrou para a arte em madeira, mas foi com o trabalho em couro que ele se identificou verdadeiramente, pois essa foi a tipologia que lhe possibilitou ter uma vida mais confortável.
A inspiração para confeccionar as peças Biagio conta que vem dos livros, por meio do estudos que ele mesmo procura de forma independente sobre temas relacionados com a arte e a cultura, uma vez que não tem nenhum artesão na família dele que possa tê-lo influenciado. “Eu sou autodidata. Não tenho nenhuma formação na área e aprendo tudo só de olhar. Mas o trabalho com o couro posso dizer que teve algumas referências da minha infância, pois minha avó tinha uma fazenda modesta e cresci vendo celas, chicotes e outras peças que certamente instigaram esse interesse”, pontuou.
A produção é feita na casa dele com a ajuda do filho, Biagio Italo, 28 anos, que há dois anos vem se envolvendo com o artesanato para perpetuar o trabalho do pai. A esposa dele, Cléa Ferreira, 58 anos, também é uma grande aliada na produção das peças, ajudando o esposo a garantir a renda da família. “Eu trabalho na costura e gosto muito de tá ajudando ele (o esposo)”, comentou Cléia, que também auxila na venda dos produtos, no chalé 77 da Vila do Artesão. No entanto, a comercialização das peças também acontece pela internet, o que permitiu com que o negócio se expandisse e conquistasse o mundo. “Já vendi pra tudo que é lugar”, acrescentou Biagio.

Para Biagio Grise, esse tipo de divulgação e reconhecimento da arte popular melhora a autoestima dos artesãos e mostra que é possível ter uma vida melhor por meio do trabalho e da arte. “O artesanato nos faz entender que podemos sim viver do próprio trabalho. Ele nos liberta”, finalizou.

Biagio Grisi vende as peças no chalé 77 da Vila do Artesão, no bairro do São José, em Campina Grande (Foto: Eloyna Alves)
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