Árvores em contato com rede elétrica podem causar acidentes

Comumente, é possível ver árvores crescendo com galhos emaranhados a fios da rede elétrica por toda a cidade. Apesar de necessários, os dois elementos não têm uma convivência harmônica, pois o contato dos fios com as árvores pode gerar sério risco à população, além de interrupções no fornecimento de energia.

A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (Sesuma) de Campina Grande estima que quase a totalidade das ruas arborizadas na cidade possuem árvores em contato com a rede elétrica. E a única ação que pode evitar prejuízo em razão desse atrito são as podas.

Conforme o secretário da Sesuma, Geraldo Nobre, vários bairros, principalmente os mais arborizados, apresentam árvores próximas à rede elétrica. Isso acontece, segundo ele, porque a vegetação cresce desordenadamente e mesmo com as podas realizadas constantemente pela concessionária de energia, que possui equipe especializada, o problema persiste de forma recorrente.

“Temos sempre contato com a Energisa, identificamos as árvores que precisam de podas e passamos para a empresa, que tem carros preparados e estrutura para isso.”

Quem mora em ruas com extensa arborização relata o clima de tensão em dias de ventos fortes e chuvas. Os moradores têm medo de que os fios se rompam ou que os galhos das árvores, condutores de energia, toquem carros ou pessoas.

O funcionário público Danilo Costa, de 29 anos, morador do Conjunto dos Professores, convive com essa realidade na porta da sua casa. “Quando venta muito, sai fogo da fiação e, às vezes, isso causa a interrupção do fornecimento de energia. Quando chove, já temos a quase certeza que vai faltar energia”, conta o morador.
No Bairro das Cidades, o médico Fábio Rocha, de 32 anos, também reclama da sensação de insegurança devido aos fios emaranhados nos galhos de árvores.

“Eu moro aqui já há dois anos e nunca vi ninguém fazendo poda nas árvores. Sempre dou um jeito de chamar a Energisa quando percebo que aqui perto tem algum perigo desse tipo, mas não tem como ter total controle. Por isso, sempre fico apreensivo que esses fios enrolados arrebentem”, disse.

Para Edson Guedes da Costa, engenheiro eletricista e professor da UFCG, contato aumenta o risco de acidentes que, em alguns casos, pode ser fatal. "Alerta-se que o risco maior de falhas e de acidentes ocorre em período de chuvas e também que as podas devem ser acompanhadas e orientadas por especialistas das áreas de Engenharia Elétrica e de Agronomia".

Em três meses, 68 mil podas

Segundo a Energisa, entre janeiro e março deste ano foram realizadas mais de 68 mil podas na Paraíba. A empresa não tem dados específicos por cidade, mas informou que até o final do ano, a previsão é que sejam realizadas cerca de 273 mil ações desse tipo.
O órgão realiza inspeções periódicas preventivas nas redes de distribuição com o propósito de evitar interrupção no fornecimento de energia e também acidentes com terceiros. Porém, as equipes não fazem o corte total da árvore, apenas reduzem o necessário para afastar a vegetação da rede de energia elétrica.
Se durante as operações normais for detectada alguma árvore próxima, ou em contato com a rede elétrica, é feita a poda. Cerca de 35 equipes ligadas ao Departamento de Manutenção da Distribuição da Energisa realizam as inspeções, com o apoio das equipes do Departamento de Operação. A população também pode ajudar comunicando ao órgão a existência de alguma árvore que está próxima à rede elétrica por telefone (0800-0230196) ou redes sociais.
O serviço de poda de árvores é feita com autorização das Secretarias de Meio Ambiente dos Municípios e da Superintendência do Meio Ambiente (Sudema).