VIDA URBANA
As perigosas águas de março
Chuvas que caem nessa época do ano preocupam famílias em Campina Grande e João Pessoa e deixam defesa civil em alerta.
Publicado em 26/02/2012 às 16:48
Uma simples saída de casa para ir visitar a filha nos períodos chuvosos é um tormento para a dona de casa Celeide de Sousa Lima, de 58 anos, moradora da cidade de Campina Grande. É que para isso ela tem que atravessar, a pé, uma 'lagoa' na rua Augusto Severino, no Distrito dos Mecânicos.
“Um vizinho tomou a iniciativa de fazer um caminho de pneus, mas tenho medo de escorregar e o jeito mesmo é colocar os pés na água suja”, lamenta. Ela convive com esse mesmo problema há cerca de 10 anos e diz que já perdeu a esperança de ver a rua onde mora saneada e calçada.
O mecânico Levi Virgulino Barbosa, 42, e a dona de casa Ana do Nascimento Sousa, 58, dizem que não precisa chuva forte para que a lagoa seja formada. “Todo ano é a mesma coisa. Se a chuva é mais forte, a água invade as casas. Teve um ano que as famílias precisaram sair”, lembra o mecânico. Ana do Nascimento diz que, nesse período chuvoso, até a missa na igreja da Sagrada Família tem noite que é cancelada.
ÁREAS DE RISCO
Além dessas famílias que vivem no Distrito dos Mecânicos, cerca de 2.500 moradores de Campina Grande vivem em áreas consideradas de risco de alagamentos, de acordo com levantamento realizado pela Defesa Civil municipal.
Em João Pessoa, a situação é ainda mais preocupante. A Defesa Civil da capital não informou a quantidade exata de pessoas vulneráveis a problemas como enchentes e deslizamentos, mas disse que nas 31 áreas de risco mapeadas vivem 53 mil pessoas.
“Isso não significa dizer que todas essas pessoas terão suas casas alagadas, no caso de um forte chuva, nem que todas tenham que se mudar”, esclarece o coordenador da Defesa Civil de João Pessoa, Francisco Noel Estrela.
A área mais preocupante é o Vale do Timbó, onde, segundo ele, é feito um trabalho permanente de monitoramento e as famílias são orientadas a sair para um outro local custeado pelo poder público municipal. “Há ainda muita resistência. Cerca de 40 famílias permanecem e tentamos convencê-las a sair, pois a vida de todos está em risco”, disse Noel Estrela.
Ele informou que a prefeitura municipal possui diversos projetos habitacionais em andamento, que deverão contemplar às famílias que moram em zona de risco. Afirmou também que os trabalhos preventivos para evitar alagamentos e outros problemas decorrentes das chuvas estão sendo realizados cotidianamente.
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