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VIDA URBANA

Assistência a doente mentais ajuda a superar trauma

Acompanhamento especializado, aliado às práticas sociais e culturais, podem recolocar essas pessoas a desenvolverem atividades do dia-a-dia a partir da execução de tarefas realizadas por qualquer um.

Publicado em 08/07/2012 às 16:30

As lembranças ainda estão vivas na memória. Afinal de contas, foram quase 10 anos vivendo em hospitais psiquiátricos que adotavam medidas de tratamento consideradas hoje impraticáveis. Para Ivanizete Pinto de Andrade, 38 anos; Geraldo Nascimento, 49 anos; e Mariso Bernardino dos Santos, 45 anos, não foram poucas as sessões de eletrochoques e de doses altas de medicamento que, segundo especialistas, não contribuíam para o avanço em seus respectivos tratamentos.

“Eles diziam assim: ‘hoje é dia de fazer exame’. Aí colocava um pano na boca e dava choque na cabeça”, contou Geraldo, que sofre de transtorno bipolar. Já Mariso lembra que o único alimento nesses dias era um copo de leite e que a medicação o fazia esquecer tudo. “Eu só tomava um copo de leite, e o remédio apagava a gente”. Já Ivanizete reforçou as péssimas condições dos locais por onde já passou. “Era muito sofrimento. Eu era maltratado, só vivia sujo”, contou ele, que assim como Mariso é esquizofrênico.

Mas hoje a realidade é diferente. Moradores da Residência Terapêutica Azul em Campina Grande, eles são exemplos de que acompanhamento especializado, aliado às práticas sociais e culturais, podem recolocar essas pessoas a desenvolverem atividades do dia-a-dia a partir da execução de tarefas realizadas por qualquer um. “Aqui a gente pinta, desenha no papel uma história que a professora conta. A gente faz a feira, é responsável pelo dinheiro da casa, faz tudo o que todo mundo lá fora faz. É só ruim porque sente falta da família quando eles não vêm visitar”, disse Mariso.

Para a dona de casa Helena Gomes da Silva, 64 anos, a saúde do filho Valmir Gomes, 38 anos, melhorou consideravelmente após ele se tornar um morador de uma Residência Terapêutica.

Segundo ela, o filho, que é esquizofrênico, tem dado mostras que quando há um exercício de ressocialização do paciente, e quando a família está presente, a tarefa se torna menos árdua. “A convivência com ele tem melhorado muito. Ele está mais calmo, vem passar os fins de semana em casa agora, e isso é uma prova que a melhora foi muito boa”, confirmou a mãe.

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Jornal da Paraíba

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