VIDA URBANA
Ataques a bancos mudam rotina da população em cidades do interior
Na Paraíba, este ano, população de 44 cidades já ficou sem atendimento bancário devido a destruição causada por bandidos.
Publicado em 16/08/2015 às 14:00
Os sucessivos ataques a bancos, além do rastro de terror e insegurança que espalham, têm mudado a rotina dos moradores de várias cidades do interior paraibano. Ações violentas como assaltos, explosões e arrombamentos, por causarem danos na estrutura física das agências, terminam deixando a população sem atendimento bancário enquanto os estragos provocados não forem reparados. Somente este ano, o fato aconteceu 69 vezes, em 44 cidades paraibanas, o que representa 76% das ocorrências criminosas registradas contra as instituições bancárias no Estado até agora. As demais ocorrências são referentes a tentativas de assalto e saidinhas de banco. O levantamento foi feito pelo JORNAL DA PARAÍBA com base nos dados divulgados pelo Sindicato dos Bancários da Paraíba.
Segundo os dados do Sindicato dos Bancários do Estado, somente este ano, já ocorreram 90 ataques contra bancos. Entre os casos estão 46 explosões, três assaltos, 21 arrombamentos, sete tentativas de arrombamento e 13 golpes do tipo saidinha de banco.
Foi uma explosão ao banco Bradesco, na cidade de Mogeiro, em 29 de janeiro deste ano, que fez a agência ser fechada para reforma. Mais de seis meses após a ocorrência, a agência já foi toda reformada, mas ainda não tem dinheiro para que a população possa sacar. É o que relata o comerciante Antônio Souza. “Eu trabalho com vendas, então meu dia a dia é mexendo com depósitos, saques. Parece que tudo vem pra prejudicar a população. Agora eu tenho que ir pra Ingá fazer essas coisas.”
Ainda em Mogeiro, na última sexta, outra agência bancária foi atacada. Dessa vez o posto era do Banco do Brasil, que já havia sido explodido no dia 30 de março e passou cerca de três meses fechado para reforma, fazendo com que a população se deslocasse para municípios vizinhos para pagar contas, retirar algum dinheiro ou receber o salário do mês.
O problema se repete em várias cidades. Quando o município possui outras agências do mesmo banco, ou pontos de atendimento avançado, os clientes ainda conseguem realizar as operações básicas, mas nas cidades pequenas, afastadas dos centros urbanos, os moradores precisam viajar para outros municípios para realizar os serviços. Em Taperoá, no Cariri, dois episódios seguidos de explosão a agências bancárias na cidade, em julho desse ano, também deixaram a população sem poder retirar dinheiro aos finais de semana.
Ao passar pela cidade, durante uma viagem, a funcionária pública Marli Gomes precisou sacar uma quantia em dinheiro, mas encontrou a agência do Banco do Brasil de portas fechadas. “Me disseram que o banco não abre aos finais de semana, por motivos de segurança, já que de vez em quando tem explosão lá”, comentou.
Já em Esperança, no Agreste, a professora Joadice Rodrigues disse que quando houve um arrombamento a uma das agências localizadas na cidade, ela se dirigia ao município de Remígio, distante dez quilômetros, para sacar alguma quantia em dinheiro, já que o banco passou aproximadamente 20 dias fechado. “É sempre um transtorno pra gente. Além do medo que passamos, do susto, ainda ficamos no prejuízo. Eu tinha que ir para Remígio sacar dinheiro, ou seja, já era um gasto a mais.”
Dados do Sindicato dos Bancários mostram que este ano ocorreram assaltos a bancos nas cidades de Belém, Campina Grande e João Pessoa. Já em relação a arrombamentos os casos foram em Campina Grande, São José de Caiana, Bayeux, Rio tinto, Mari e Aroeira, todos com um registro, além de Santa Rita e João Pessoa, com três e 12 ocorrências, respectivamente.
O QUE DIZ A SEGURANÇA
Diante das ocorrências registradas e que têm causado severos danos à população, o secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Estado, Cláudio Lima, afirmou que o Estado vive em uma luta constante para tentar reprimir as ações criminosas, mas atentou que os bancos também precisam cuidar melhor de seus patrimônios. “A população tem cobrado providências apenas da segurança pública, mas os bancos também precisam melhorar sua segurança, inclusive temos leis que exigem isso. Temos prendido quadrilhas, mas o problema continua, pois os criminosos já perceberam a fragilidade dos bancos e cada vez mais os bandos estão aumentado”, afirmou Lima.
Ainda segundo o secretário, outro grave problema está na legislação. “Hoje no Brasil uma explosão de caixa eletrônico é considerada um furto e se a polícia não conseguir provar a formação de quadrilha, os acusados logo são soltos. Em outros países isso é considerado terrorismo, pelo uso de dinamites e o grau de risco provocado à população.”
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