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VIDA URBANA

Bailarinas dizem que só vão voltar a andar em um mês

Quatro pessoas sofreram queimaduras nos pés em apresentação ao ar livre em Campina Grande.

Publicado em 30/04/2012 às 20:22

Duas universitárias que foram internadas depois de sofrer queimaduras durante uma apresentação de dança em Campina Grande declararam nesta segunda-feira (30) que só devem voltar a colocar os pés no chão dentro de um mês. As bailarinas foram submetidas a uma limpeza cirúrgica e tiveram os pés enfaixados.

Elas estão na unidade de terapia de queimados do Hospital de Emergência e Trauma e esperam receber alta na terça-feira (1º), mas não têm esperanças de voltar para casa andando. Devido à sensibilidade da pele, a equipe médica avalia que elas só poderão se apoiar com os pés quando estiverem totalmente recuperadas.

Em entrevista, elas reclamaram da estrutura do palco disponibilizado pela prefeitura para a performance. Apesar da primeira informação dada pela companhia de dança de que as bailarinas usavam sapatilhas, elas disseram que fizeram a coreografia de dança do ventre descalças. As jovens tiveram queimaduras de segundo grau devido à alta temperatura do tablado, que estava coberto por uma borracha preta e não possuía tenda para amenizar os efeitos do sol. As apresentações aconteceram no sábado (28) ao ar livre na Praça da Bandeira, no Centro da cidade, durante uma comemoração do Dia Internacional da Dança.

Mariaugusta Ferreira Mota, de 25 anos, e Girlaine Tamires dos Santos, de 24, disseram que precisaram ser carregadas no colo quando terminaram o número. "A gente percebeu que outras pessoas estavam sentindo desconforto durante a apresentação", disse Mariaugusta. Assim que desceu do tablado, ela e outros cinco amigos da companhia procuram atendimento médico, sendo duas pessoas por insolação e quatro por queimaduras. Elas questionaram a ausência de uma tenda ou algum tipo de cobertura no palco, uma vez que o evento estava sendo realizado no fim da manhã, quando a temperatura ainda estava alta.

"Quando a gente chegou à Praça da Bandeira, a gente se surpreendeu logo de vista com a falta de estrutura, porque estava um tablado com um linóleo, que é um emborrachado preto, e não havia cobertura. A gente se preocupou, mas como a gente tinha o compromisso de se apresentar e o público estava aguardando, a gente dançou se arriscando mesmo. Foi total falta de responsabilidade dos organizadores do evento porque deixou os artistas à mercê", reclamou Girlaine.

Em resposta às críticas, a secretária de Cultura de Campina Grande, Eneida Agra Maracajá, informou que os grupos foram convidados a participar do evento e que nenhum dançarino era obrigado a subir ao palco. Segundo ela, a opção de se apresentar descalço foi tomada exclusivamente pelos integrantes da companhia de dança e a prefeitura não teria responsabilidade pela escolha dos integrantes.

Segundo Luciana Nóbrega, diretora e coreógrafa da Cia. de Danças Caravana, seis bailarinos do mesmo grupo se apresentaram. Duas jovens calçaram as sapatilhas e os outros quatro decidiram entrar descalços. Apesar das críticas feitas pelas dançarinas à organização do evento, ela assumiu que alguns integrantes optaram por subir no tablado descalço e não se preveniram. "Eles estavam na correria e não foram checar a temperatura do piso", comentou.

Conforme Luciana, as duas jovens que usaram sapatilhas tiveram sintomas de insolação. Já as outras quatro pessoas que dançaram descalças sofreram ferimentos e foram levadas de imediato para hospitais. Ela diz que todos receberam assistência de funcionários da Secretaria Municipal de Cultura. Dois rapazes foram atendidos e receberam alta no mesmo dia, enquanto Mariaugusta e Girlaine permaneceram internadas.

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Jornal da Paraíba

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