Balaustrada na Rua das Trincheiras sofre ação do tempo

A beleza da paisagem vista da balaustrada localizada na Rua das Trincheiras, no bairro de Jaguaribe, em João Pessoa, contrasta com o aspecto de abandono do monumento, caracterizado pelas rachaduras, pichações, danificações nos bancos em alvenaria e na calçada, que está com o piso quebrado. O busto de Francisco Camilo de Holanda, governador na época em que a balaustrada foi construída, no ano de 1918, está esquecido no centro do local e não há placa identificativa.
O monumento é formado por um belo conjunto arquitetônico de bancos antigos e artisticamente bem trabalhados, além do próprio mirante.

Antigamente, a área era local nobre de João Pessoa e conhecida como ponto de encontro e visitação para ver o pôr do sol por parte das principais famílias de maior poder aquisitivo.

Em agosto de 1980, o local foi tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Hoje, essa parte da história da cidade passa despercebida aos olhares da população e do poder público.

No centro do mirante da balaustrada há vegetação, alguns pedestais de iluminação estão sem as luminárias ou com a fiação elétrica exposta e com ferrugem. Além disso, uma parte da estrutura, em sua extensão, foi violada para a construção de um portão de acesso para uma casa, dentre as várias construídas na encosta do monumento.

Parte dessas construções já foram demolidas pela Prefeitura, dentro do programa de ações das obras de infraestrutura na comunidade Saturnino de Brito, de execução da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), como consta na placa informativa, afixada no centro da balaustrada. O valor total da obra, iniciada em abril do ano passado e conclusão prevista para o próximo mês de outubro, foi orçado em R$ 24.633.153,53 com recursos federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) do Ministério das Cidades.

De acordo com a assessoria de comunicação da Seinfra, as obras referentes ao projeto de infraestrutura da comunidade Saturnino de Brito são da competência da Secretaria Municipal de Habitação Social (Semhab).

Por sua vez, o diretor de obras da Semhab, Napoleão Veras, explicou que algumas intervenções que visam à melhoria e restauração da balaustrada serão executadas dentro do projeto de obras de infraestrutura da comunidade Saturnino de Brito, mas que estas somente serão realizadas com a conclusão do muro de arrimo e após o período chuvoso. “No projeto constam a revitalização do local, por meio da construção de uma escadaria, rampa e mirante, mas estamos dependendo das condições climáticas, já que é uma obra aberta. Depois que as chuvas cessarem, concluiremos o muro de arrimo e iniciaremos os trabalhos na balaustrada”, esclareceu Napoleão Veras.

Por ser tombada, a obra de reestruturação da balaustrada será acompanhada pela Coordenadoria do Patrimônio Cultural (Copac) de João Pessoa. Quem garantiu a informação foi o coordenador da Copac, Fernando Milanez Neto.

“Esse projeto está sendo monitorado pela Copac, que está aguardando a retirada das moradias locais e o início das obras pela Semhab, para assim acompanhar de perto a obra e garantir que as normas de preservação de patrimônio histórico sejam cumpridas”, ressaltou.

A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA tentou contato com o Iphan, mas até o fechamento desta edição não obteve sucesso. (Colaborou Secy Braz)