VIDA URBANA
Bancos fecham portas
Cerca de 200 agências instaladas nos 223 municípios do Estado estão sem funcionar; clientes reclamaram da suspensão dos serviços.
Publicado em 19/09/2012 às 6:00
Reclamações e preocupações marcaram o primeiro dia de paralisação dos bancos na Paraíba. Desde ontem, cerca de 200 agências instaladas nos 223 municípios do Estado estão sem funcionar. Não há dados oficiais sobre a quantidade de pessoas prejudicadas na Paraíba, mas o Banco Central estima que o movimento, que é nacional, deixou 93,7 milhões de clientes sem atendimento em todo o país.
Na Paraíba, as pessoas que foram às agências bancárias ontem encontraram portas adesivadas com informações sobre a greve e bancadas sem envelopes para depósitos. Durante a movimentação, apenas os serviços de compensação de cheques (que foram depositados antes do início da paralisação) e aqueles feitos através de máquinas de autoatendimento serão mantidos.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Empregados de Estabelecimentos Bancários da Paraíba, Marcos Henriques, o movimento teve a adesão total da categoria. São cerca de 3.500 profissionais que suspenderam as atividades em protesto por melhorias salariais. Entre outras reivindicações, eles exigem reajuste de 10,25% (aumento real de 5%), adicional de R$ 622,00 nos vales-alimentação e de outros R$ 622 nos tickets de refeição; mais investimento na segurança e fim das metas abusivas e do assédio moral.
“Hoje, os trabalhadores de bancos estão adoecendo com mais frequência, desenvolvendo depressão, síndrome do pânico e Dort (Distúrbios Osteomuscular Relacionado ao Trabalho) por viverem ameaçados, amedrontados, por causa das metas abusivas. Quem não as cumpre é ameaçado de perder o cargo e até mesmo de ser demitido”, diz o sindicalista.
Através da assessoria de imprensa, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) informou que ofereceu reajuste salarial de 6% aos bancários. Segundo a entidade, o percentual é correspondente à reposição da inflação e iria gerar um aumento real, que corrigirá salários, pisos, benefícios e Participação nos Lucros e Resultados (PLR), que pode ultrapassar, em três vezes mais, o salário do caixa.
Pela proposta, o piso salarial para bancários que exercem a função de caixa passará para R$ 2.014,38, para jornada de seis horas. Ainda estão previstos outros benefícios, como reajuste do auxílio refeição, que sobe para R$ 20,97 por dia; a cesta alimentação passa para R$ 359,42 por mês, além da 13ª cesta no mesmo valor e auxílio creche mensal de R$ 301,94 por filho, até 6 anos.
Com alguns benefícios, o caixa receberia R$ 3,5 mil por mês, sem incluir planos de saúde, vale-transporte ou PLR.
No entanto, as propostas não foram aceitas pelos grevistas. De acordo com Marcos Henriques, o reajuste de 6% não contempla as reivindicações feitas. “Não queremos apenas aumento salarial, mas também outras melhorias das condições de trabalho, como contratação de funcionários e mais segurança”, enfatizou.
Enquanto patrões e empregados não se entendem, os clientes amargam transtornos. Ontem, o empresário Tércio Dantas de Albuquerque foi a uma agência no Centro de João Pessoa e ficou frustrado ao perceber que o local não possuía envelopes para fazer depósitos. Sem concluir a transação, ele se mostrou apreensivo com a greve dos bancos.
“Sou dono de uma gráfica e recebo muitos cheques dos clientes. Vou precisar, consequentemente, compensar esses valores para arcar com minhas despesas. Se a greve demorar por mais de duas semanas, acredito que terei problemas. Por isso, espero que esse movimento não demore muito”, disse. Já o aposentado Adolfo Neire, 60 anos, os transtornos começaram antes da greve. Ele conta que soube pela televisão que o movimento iria começar e foi às pressas para o banco.
“Encontrei a agência lotada e tive que ficar muito tempo na fila”, lamentou.
Comentários