VIDA URBANA
Barbárie de Queimadas completa 4 anos e caminhada relembra vítimas
Para os moradores da cidade, o receio é algo comum quando se fala em festas particulares.
Publicado em 13/02/2016 às 7:01
“Faz quatro anos, mas pra gente é como se tivesse sido ontem, a dor ainda é a mesma”. O desabafo de Maurício Herculano, tio da recepcionista Michelle Domingues, uma das vítimas da 'Barbárie de Queimadas', traduz um sentimento de revolta e indignação que se enraizou na história da cidade desde fevereiro de 2012. Em Queimadas, o tempo parece não ter passado, ainda hoje, o olhar curioso da população relembra o triste dia em que uma festa de aniversário terminou com um crime brutal: cinco mulheres estupradas e duas mortas. Um rastro de dor que familiares e amigos ainda não conseguiram superar.
“É uma saudade que perdura durante muito tempo, não tem um só dia que a gente não relembre o que aconteceu, que não lembre quem eram elas, da alegria e da convivência que tínhamos”, disse Isânia Monteiro, irmã de Isabella Pajuçara, a professora que também morreu na barbárie. Para a mãe de Michelle Domingues, a dor sempre será a mesma, independente dos anos se passarem. “A gente não se recupera, é muita dor, um sofrimento eterno. São momentos de família que não temos mais”, lamenta Maria José.
Para os moradores da cidade, o receio é algo comum quando se fala em festas particulares. “Não tem como esquecer, foi uma coisa muito triste e ao mesmo tempo muito revoltante. Ficou aquele clima de desconfiança e de temor também, pela lembrança de que os abusos aconteceram e com pessoas bem próximas”, disse a estudante Thaís Dias. Após esse tempo, os adolescentes envolvidos no crime já cumpriram o tempo das medidas socioeducativas e voltaram ao convívio social. Dois deles saíram do Estado, mas um ainda vive na cidade de Queimadas.
Além de mudar a convivência na cidade, o crime escancarou uma realidade indigesta, a violência contra as mulheres, bandeira de luta de uma caminhada realizada ontem no local, e que reuniu várias as entidades sociais e poder público. Com cartazes e faixas, mulheres de todas as idades protestaram. “Isso representa que a luta em defesa das mulheres do município de Queimadas continua", destacou a secretária de Desenvolvimento Humano do município, Terezinha Dantas.
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