VIDA URBANA
'Barbárie de Queimadas' completa 7 anos e ato marca data na Paraíba
Cinco mulheres foram estupradas e duas delas mortas; autores foram condenados.
Publicado em 12/02/2019 às 7:26 | Atualizado em 12/02/2019 às 14:03
O município de Queimadas, no Agreste da Paraíba, lembra nesta terça-feira (12) os sete anos do crime que ficou conhecido como a 'Barbárie de Queimadas' em que cinco mulheres foram estupradas e duas delas mortas: Michele Domingues e Izabella Pajuçara. Para homenagear as vítimas e protestar contra a violência sofrida por mulheres, os moradores da cidade promovem um ato, às 19 horas, no Pátio do Povo, no centro da cidade.
O crime aconteceu entre a noite do dia 11 e a madrugada do dia 12 de fevereiro de 2012. De acordo com a acusação do Ministério Público do Estado da Paraíba (MPPB), tudo foi premeditado 15 dias antes e teve como mentor o acusado Eduardo do Santos Pereira. O estupro das vítimas seria um presente de aniversário para o irmão dele, Luciano Pereira dos Santos.
Os dez homens combinaram que, durante a festa de aniversário, três deles apagariam o sistema de energia e invadiriam a casa com máscaras de carnaval se passando por assaltantes para poder render as vítimas e, depois que elas fossem amarradas e vendadas, todos iriam estuprá-las.
Reconhecimento
Segundo o Ministério Público, no momento dos abusos, Michele Domingues e Izabella Pajuçara reconhecerem Eduardo como um dos agressores. Depois disso, os acusados colocaram as mulheres em uma pick-up e as levaram para a zona rural. Michelle chegou a se jogar do carro para tentar fugir e foi executada ao lado da igreja católica da cidade.
Já Izabella foi morta em uma estrada vicinal. O crime foi elucidado porque uma terceira vítima também teria reconhecido os agressores, mas ficou calada até a chegada da polícia.
Condenações
Eduardo dos Santos, considerado o mentor dos crimes, foi condenado a 108 anos e dois meses de prisão, em 2012. Segundo o juiz Antônio Maroja Limeira Filho, Eduardo foi considerado culpado por dois homicídios, formação de quadrilha, cárcere privado, corrupção de menores e porte ilegal de arma, além dos cinco estupros. Por estes crimes, ele foi condenado a 106 anos e 4 meses de reclusão. Além disso, ele recebeu uma pena de 1 ano e 10 meses de detenção pelo crime de lesão corporal de um dos adolescentes envolvidos no crime.
Por sua vez, Luciano dos Santos Pereira, Fernando de França Silva Júnior, Jacó Sousa, Luan Barbosa Cassimiro, José Jardel Sousa Araújo e Diego Rêgo Domingues, foram condenados pelos crimes de cárcere privado, formação de quadrilha e estupro e cumprem penas entre 26 a 44 anos de prisão em presídios, em João Pessoa. Três adolescentes, que participaram da “Barbárie”, já cumpriram medidas socioeducativas no Lar do Garoto, em Lagoa Seca.
Saudade
Isânia Monteiro, irmã de uma das vítimas, postou nas redes sociais que se passaram sete anos de uma trágica noite em que “vimos nosso mundo desabar. Ao mesmo tempo, que chorávamos as grandes perdas, era necessário ter sangue frio para ouvir os absurdos cometidos contra vocês e ver todos os culpados sendo responsabilizados pelos crimes cometidos”.
Acrescentou que, “embora as prisões tenham acontecido e nossas famílias tivessem recebido solidariedade de pessoas de todo mundo, o vazio permanecia. Vocês deixaram um vazio, uma ausência, foi como ter sido decepada parte de nossos corpos, depois da partida de vocês nunca mais voltamos a ser as mesmas”, concluiu Isânia.
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