VIDA URBANA
Barreiros e açudes secos afetam zona rural de CG
Depois de três anos sem chuvas significativas, zona rural, está com 90% dos açudes e barreiros secos ou com volume muito baixo.
Publicado em 18/04/2014 às 6:00 | Atualizado em 19/01/2024 às 15:24
Se a estiagem já preocupa a população urbana de Campina Grande, o problema cresce na zona rural da cidade, que começa a sentir os efeitos da seca, especialmente com a falta de água que é destinada para a agricultura e para matar a sede dos animais. Depois de três anos sem chuvas significativas, hoje a zona rural, que é composta por aproximadamente 220 barreiros ou pequenos açudes no município, está com 90% deles sem água ou com o volume praticamente em zero. Em Campina Grande, 18.004 moradores estão na zona rural e pelo menos 5.100 são agricultores, muitos dependem da água armazenada nestes locais para a manutenção do plantio.
O agricultor e criador de gado Geraldo Avelino, de 50 anos, que cresceu e continua morando no sítio Capim Grande, no distrito de São José da Mata, contou que já começou a vender os bois e vacas que ainda restam em seu rebanho. Sem água suficiente para dar de beber aos animais, ele contou que para não deixar o bicho morrer, tem que se desfazer do gado quando a situação está mais apertada. “Nós temos aqui quatro cacimbas que servem para toda a comunidade e ainda outras vizinhas agricultores e criadoras de animais, e exatamente por isso ela já está se acabando. Mas nós ainda temos esperança de que as coisas possam melhorar, que o inverno deste ano seja melhor”, disse ele.
O barreiro mais próximo a sua residência, conhecido como açude Sérgio Joaquim Vieira está completamente seco e passou por um processo de assoreamento nos últimos 25 anos, dessa forma perdendo a sua capacidade de volume, ao longo de todo esse tempo. Segundo o secretário de Agricultura do município, Fábio Medeiros, a estimativa é que o manancial tenha perdido entre 30% a 40% da sua capacidade total, que deverá voltar a ser de cerca de 100 mil m³ de água, com a realização da limpeza do local, que deverá ficar pronta em 15 dias.
“Nós já iniciamos um trabalho de limpeza em vários barreiros e constatamos que cerca de 90% deles estão secos ou praticamente secos. Quase todos estavam em processo de assoreamento, um processo que ao longo do tempo vai acumulando terra no fundo do açude e diminuindo a sua capacidade de armazenamento de água. Esperamos que com a limpeza, possamos deixar esses mananciais prontos para receber a água da chuva, com a aproximação do inverno”, explicou. Ele contou que a própria terra retirada do fundo dos barreiros serve para fortalecer as suas paredes, diminuindo também a possibilidade de vazamento de água.
De acordo com ele, já foram recuperados 100 mananciais, entre açudes, barragem e pequenos e médios barreiros. A estimativa é que aproximadamente 120 ainda passem pela mesma recuperação, beneficiando 2.500 pessoas. Além disso também foram perfurados 29 poços e desobstruídos mais seis. Também estão em construção 300 novas cisternas através de um convênio entre a prefeitura e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), com um investimento de R$ 2 milhões e 120 mil.
O secretário informou que atualmente apenas cinco caminhões-pipa estão em funcionamento, sendo um da prefeitura (com prioridade para abastecer escolas e PSF) e quatro do Exército (que só atendem cisternas cadastradas). Ele informou que a prefeitura está tentando renovar o contrato com o governo do Estado, para a utilização de mais oito caminhões.
Conforme dados da Secretaria de Agricultura do município, em 2013 foram distribuídos 2.616 carradas de água em 76 cisternas cadastradas que atendem 663 famílias, num total aproximado de 3.317 pessoas da zona rural.
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