Bica vai ganhar um Museu de História Natural

Em meio aos estudos de Sofia Vitória, de quatro anos, e compromissos familiares, o aposentado Ivo Pedro Endres reserva um tempo na rotina e pelo menos uma vez por semana leva a filha mais nova para visitar o Parque Arruda Câmara, localizado no bairro do Róger, em João Pessoa.

O local, conhecido popularmente por “Bica”, tem 92 anos e, desde 2011, passa por uma reforma. Mas apenas a primeira fase do projeto foi concluída e a previsão é que as obras reiniciem em outubro, sendo finalizadas até o ano que vem, segundo informações da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam).

Enquanto os trabalhos não recomeçam, por enquanto apenas o prédio onde funcionará o Museu de História Natural está em obras e outra área do parque, próximo aos cinco lagos, também será reformada este mês para abrigar a elefanta Lady, que foi doada ao parque por um circo.

Mesmo precisando de melhorias, o local atrai uma média de 12 mil visitantes por mês, conforme informou o diretor do parque, Jair Azevedo. A expectativa é que após a vinda da elefanta, dobre o número de frequentadores.

Frequentador do parque há 18 anos, desde que deixou estado do Rio Grande do Sul para morar na capital paraibana, o aposentado Ivo Pedro considera a área do parque agradável para o lazer com as crianças.

No entanto, ele e outros visitantes reclamam da falta de manutenção nos brinquedos do playground. “É um lugar agradável para se fazer caminhada e trazer as crianças para brincar, entrar em contato com a natureza. Mas, desde que venho aqui, sempre tem um ou outro brinquedo quebrado que pode oferecer algum risco”, disse.

Assim como o aposentado, os visitantes estão na expectativa para conhecer e aproveitar os novos espaços da Bica. O contador Roberto Vieira veio pela primeira vez ao parque e elogiou o espaço. “É muito difícil a gente ver em uma cidade um parque tão grande e tão bonito. Espero que com a reforma a estrutura histórica também seja preservada e harmonize com os outros espaços. Toda reforma é bem vinda”, comentou.

De acordo com Jair Azevedo, a manutenção dos brinquedos são realizadas periodicamente e na terceira e última etapa do projeto, a área do parquinho será transformada em novos abrigos para receber outros animais. Um novo playground será construído próximo ao Lago das Cinco Fontes.

“Todos os equipamentos do parque passam por manutenção periodicamente. Tinham uns brinquedos quebrados, mas nós retiramos. Não estamos investindo muito nisso agora porque o parquinho será contemplado com a construção do playground”, explicou.

Ainda segundo o diretor, o Museu de História Natural ficará pronto até o próximo dia 20. No espaço, ficarão expostos animais empalhados, fósseis, carapaças e um histórico do Parque Arruda Câmara.

ANIMAIS TERÃO MAIS ESPAÇO

Garantir mais espaço para os animais de grande porte e aves são as estruturas mais presentes no projeto de reforma do Parque Arruda Câmara.

Na primeira fase, o espaço para os pássaros, especialmente os falconiformes, recinto para pequenos mamíferos, Casa dos Répteis, Espaço para Educação Ambiental e alameda dos primatas foram as áreas ampliadas. Já a segunda etapa da reforma contemplará, principalmente, a área dos grandes felinos e aves, conforme explicou o arquiteto autor do projeto, Marcos Santana.

“Na primeira etapa nós concluímos sete equipamentos. Nessa segunda fase, nós pretendemos dar atenção ao restante dos equipamentos para os animais, como o recinto dos grandes felinos, pequenos mamíferos, quelônios (tartarugas) e aves. Pretendemos reformar o espaço dos animais para depois interferir nas áreas de uso dos visitantes”, disse o arquiteto.

Ainda de acordo com Santana, as melhorias que foram feitas na segunda etapa correspondem a quase 10% do projeto e a parte de paisagismo está incluída na última etapa.

“O projeto está todo pronto é só uma questão de termos os recursos para executar. O Parque há muito tempo ficou desprezado e só agora está sendo feita uma reforma de verdade”, completa.

PARQUE TERÁ UMA PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO

Todos os dias, o Parque Arruda Câmara recebe visitantes e, como acontece na maior parte das áreas públicas, a presença de ambulantes é inevitável.

Durante a semana, há pelo menos cinco trabalhadores na Bica, além de dois quiosques que também funcionam próximo ao Lago das Cinco Fontes. Mas, segundo informações da administração do parque, o número de ambulantes aumenta durante os finais de semana, feriados e meses de férias, em que a movimentação de visitantes é mais intensa.

Trabalhando como vendedor ambulante há 35 anos na Bica, Simão Dias conta que aguarda ansioso a reforma do parque para poder trabalhar em um espaço fixo. Mas acredita que a reforma não contemplará todos os comerciantes.

“Só trabalho aqui nos finais de semana. Nas férias, venho todos os dias. Nesses períodos, o parque sempre recebe muita gente e com a reforma, isso vai melhorar. Mas, para ter o ponto fixo, estou pagando uma pequena taxa e acho que nem todo mundo terá um ponto”, disse.

Segundo o arquiteto responsável pelo projeto de reforma do Parque, Marcos Santana, a praça de alimentação do Bica será construída próximo ao Lago das Cinco Fontes, com o intuito de preservar os animais e separar a área de lazer.

“Tanto o playground quanto a praça de alimentação serão construídos nessa terceira fase porque serão espaços que atrai muita gente e nesse local não causará muita perturbação aos animais. No lugar onde hoje é o playground, tem muito barulho e os animais ficam estressados”, finalizou.

A administração da Bica informou que será organizado um cadastramento para os ambulantes que atuam no parque.