VIDA URBANA
Boqueirão perde 14% do volume em 7 meses
Dados da Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba mostram que o reservatório está apenas com 46,9% da capacidade total.
Publicado em 01/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:40
O reforço na fiscalização contra as irrigações irregulares não foi suficiente para frear a queda no nível de água no açude Epitácio Pessoa, em Boqueirão, responsável pelo abastecimento de água em Campina Grande e outras 17 cidades da região. O reservatório está com 192,9 milhões de metros cúbicos de água, o que representa 46,9% da capacidade total.
Os dados são da Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa) e apontam que nos últimos sete meses Boqueirão perdeu 58,6 milhões de metros cúbicos de água, o que representa 14% do volume total que é de 411,6 milhões de metros cúbicos. Em janeiro, Boqueirão registrava 251,5 milhões de metros cúbicos e desde então continuou perdendo volume, atingindo o menor nível dos últimos 10 anos.
A situação se agrava com o fim do período chuvoso na região. Em fevereiro, a expectativa da Aesa era de que o volume pudesse ser recuperado aos poucos com as chuvas previstas a partir de março e com isso pudesse chegar a 80% a capacidade total, o que não aconteceu. Mas apesar de Boqueirão estar atualmente com menos da metade da capacidade atual, a Aesa descarta a necessidade de racionamento, pelo menos por enquanto.
“A situação é de tranquilidade. Campina Grande já passou por momentos difíceis com Boqueirão abaixo de 20%, mas com o nível atual, mesmo que chova nos próximos meses, estaremos com o abastecimento garantido até fevereiro de 2015. Não existem motivos para pensar em racionamento antes de 2015, mesmo sem chuvas”, garantiu João Vicente, presidente da Aesa.
Porém, o aumento da temperatura com a chegada do verão pode agravar ainda mais a situação em Boqueirão, acentuando a queda no volume. “A gente ainda não tem previsão de chuva e a situação já é preocupante. Temos pela frente meses quentes, onde a perda de água pela evaporação é maior”, alerta Everaldo Jacobino, responsável pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) em Boqueirão.
A Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba (Cagepa) também não confirma a possibilidade de racionamento, mas está intensificando o combate ao desperdício de água. “A cagepa não gerencia o açude e não podemos atuar diretamente com relação ao volume do açude nesse período de escassez, o que estamos fazendo é reduzir o tempo de espera pela resolução de vazamentos para reduzir o desperdício ao máximo possível”, afirmou Alexandrina Formiga, gerente regional da Cagepa em Campina Grande.
AUDIÊNCIA
Uma audiência pública será realizada no próximo dia 22, em Campina Grande, para discutir a situação de Boqueirão, com a participação de representantes da Agência Nacional de Águas (ANA), além de Aesa, Cagepa, Dnocs, Ministério Público e universidades da região.
IRRIGAÇÃO CONTINUA
Pequenos agricultores que moram nas imediações do açude de Boqueirão continuam usando a água do manancial para irrigação, apesar da proibição anunciada em março deste ano. De acordo com o presidente da Aesa, João Vicente, cerca de 20 pequenos agricultores com plantação de até no máximo 5 hectares estão usando as águas de Boqueirão para manter a agricultura de subsistência. Plantações maiores estão proibidas de manter a irrigação.
Os pequenos produtores estão sendo cadastrados pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) para regularizar a situação junto à Agência Nacional das Águas (ANA).
“A irrigação continua porque a ANA vai autorizar para quem já tinha área plantada até fevereiro deste ano”, informou Everaldo Jacobino, responsável. O Dnocs está usando imagens de satélite para fazer o georeferenciamento da área do manancial e identificar irrigações ilegais.
Segundo João Vicente, da Aesa, o aspecto social pesou na decisão de manter os pequenos agricultores. “Tínhamos irrigantes irregulares com até 100 hectares de terra e estes foram suspensos. O que há ainda são pequenos irrigantes que dependem da água para a agricultura e que sem ela acabariam partindo para as periferias das cidades. São plantações de agricultura de subsistência que usam um volume insignificante de água na irrigação”, explicou.
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