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VIDA URBANA

Brejo do Cruz: água não chega nas torneiras

Ccidade possui um reservatório com capacidade para 39,2 milhões de metros cúbicos de água, o açude ‘Baião’, mas a água nunca chegou às residências.

Publicado em 30/10/2011 às 6:30

Para chegar em São José do Brejo do Cruz são 40 quilômetros de estrada de terra na PB-323, partindo de Brejo do Cruz, na divisa entre os Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte. Fundado há 17 anos, São José do Brejo do Cruz, a 489 quilômetros de João Pessoa, guarda singularidades do interior nordestino: clima árido e quente, povo pacato, hospedeiro e pouco mais de 1,6 mil habitantes. Encravada na região do Sertão paraibano, a cidade possui um reservatório com capacidade para 39,2 milhões de metros cúbicos de água, o açude ‘Baião’, mas a água nunca chegou às residências.

Na cidade, as residências bem estruturadas e em ruas pavimentadas dividem espaço com um cenário desolador. No município, apenas 30% das residências são atendidas com rede de esgoto e a água do ‘Baião’ pode estar contaminada com lixo hospitalar. Crianças, mulheres, adultos e idosos sobrevivem com a ajuda de jumentos e carros-pipa, que substituem as torneiras.

Gente simples como Francisco Mário Saraiva, 41 anos. Portador de uma síndrome que deixou suas pernas atrofiadas desde que nasceu, o sãojoseense percorre pelo menos três vezes por dia o caminho de casa para um dos açudes do município, o ‘açude da Emergência’, em uma carroça guiada por um jumento.

Para encher o tambor com a água, Francisco recebe a ajuda de um dos primos, Ítalo Saraiva Farias, 18. Rosto cansado e voz mansa, ele acrescenta: “às 5h30 eu acordo e faço a primeira viagem”, conta Francisco, que percorre cerca de dois quilômetros em uma estrada de terra e utiliza a água para a realização dos afazeres domésticos. “Desde que nasci que aqui é do mesmo jeito. A gente enche o tambor de 200 litros, mas não dá para nada. Isso aqui virou rotina”, afirmou.

Ele mora na entrada da cidade, vizinho a uma estação da Companhia de Abastecimento de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), que embora tenha sido construída há mais de cinco anos, nunca entrou em atividade e está abandonada. Os vizinhos de Francisco, que não possuem carroça, são forçados a comprar água retirada do açude ‘Baião’. Nos fins de semana cada pipa custa R$ 10.

“É o jeito a gente comprar porque ninguém pode ficar sem água. Eu tenho dois filhos pequenos e se a gente não comprar essa água não tem como lavar roupa, fazer comida, tomar banho e para beber também. Aqui em casa eu tenho uma caixa que depois de cheia dá para sete ou oito dias. Depois disso se acaba”, relatou Edigleide Barros, 22, mostrando um copo com água barrenta.

As chuvas registradas este ano no município ficaram acima da média e fizeram transbordar o açude ‘Baião’. O manancial localizado no sítio 'Caraubais' está atualmente com 88,5% de sua capacidade de armazenamento, o que corresponde a 34,7 milhões de metros cúbicos de água. Mas o drama da população reside na falta de equipamentos para bombear a água e levá-la até as residências.

Há três anos, o governo do Estado construiu quatro quilômetros de uma adutora, mas ela jamais entrou em funcionamento. “A adutora está concluída e a estação de tratamento de água também, mas não há ninguém trabalhando e o que falta tão somente é o bombeamento. Com R$ 300 mil tudo poderia ser resolvido”, relatou o vereador Ronaldo Saraiva, que promete entrar na Justiça para garantir água de qualidade para os moradores da cidade.

Dados divulgados nesse mês no ‘Atlas Saneamento 2011’, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que a coleta de esgoto aumentou na Paraíba em 19,6% entre os anos de 2000 e 2008. A quantidade de cidades que dispõem do serviço subiu de 131 para 163. No entanto, ainda existem 60 municípios que não dispõem de rede de esgotamento sanitário no Estado. Já a drenagem de águas da chuva também está presente na maioria das cidades. Apenas São José do Tigre, localizado a 243 quilômetros de João Pessoa, não implantou esse serviço ainda.

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Jornal da Paraíba

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