Burocracia e dificuldades financeiras

Foi a burocracia e a falta de dinheiro que fizeram um aposentado de 62 anos, também da cidade de Cajazeiras, portador do vírus HIV, abandonar o tratamento em João Pessoa. Sem dinheiro para pagar as passagens e sem conhecimento suficiente para cobrar seus direitos, alegou cansaço para continuar lutando contra a doença. "Só depois de um demorado trabalho de conscientização, ele retomou o tratamento no final do ano passado", revelou Vitor Buriti.

De acordo com o presidente da ONG, o abandono é reflexo natural da falta de hospitais de referência. "Nas cidades do interior o sistema de saúde é ainda mais precário", destacou.

"Infelizmente ainda há gestores de Saúde que pensam que a Aids é doença dos grandes centros urbanos, mas os números mostram o contrário", afirmou Buriti.

Esse drama também é vivido pelo estudante Paulo (nome fictício), 23 anos, morador de Catolé do Rocha. Há dois anos ele descobriu que tinha o vírus HIV, por acaso, quando fez um teste rápido em Campina Grande. A princípio, pensou em desistir, mas por pressão de familiares, decidiu enfrentar o tratamento, em João Pessoa. "O que posso dizer é que tudo é muito difícil, tem que ter muita determinação e muita vontade de viver", comentou.

É com a ajuda dos parentes que ele paga as passagens até João Pessoa, a cada dois meses.