VIDA URBANA
Cadeia dispõe de atendimento mínimo
Com capacidade para abrigar até 24 presos, mas com população atual de 43, distribuídos em três celas, o local não conta com posto médico.
Publicado em 31/08/2014 às 7:30 | Atualizado em 11/03/2024 às 12:12
Superlotação, ociosidade e um atendimento mínimo da equipe de atenção básica são alguns dos fatores que contribuem para que a assistência em saúde seja deficitária na cadeia pública da cidade de Queimadas, localizada a 15 quilômetros de Campina Grande. Com capacidade para abrigar até 24 presos, mas com população atual de 43, distribuídos em três celas, o local não conta com posto médico, e o único serviço oferecido aos detentos é uma visita da equipe do Programa Saúde da Família (PSF) do município em um intervalo de 30 dias.
As condições estruturais também não são das melhores. Com apenas um banheiro em cada cela, o ambiente acaba sendo propício para a proliferação de doenças respiratórias, viroses, além do surgimento de micoses e outras enfermidades. De acordo com Téssio Lunardo Macedo, coordenador da cadeia pública, apesar de ser feita apenas uma visita por mês, os presos recebem atendimento completo com médico, enfermeiro, odontólogo, além dos profissionais técnicos que oferecem o mesmo acompanhamento feito a outros usuários do município.
“O tempo recolhido da maioria desses presos é pequeno.
Muitos são libertados após alguns dias, ou então são transferidos para o Presídio do Serrotão quando cometem um crime mais grave. Esse atendimento mensal é suficiente. Mas, quando há um caso mais grave nós providenciamos a escolta para a realização de exames na Policlínica da cidade e assim oferecer uma assistência recomendável. Existem algumas regras de higiene nos banheiros para impedir o surgimento de doenças, nós oferecemos o material de limpeza e os presos são os responsáveis em limpar”, explicou o coordenador.
Apesar dessas regras de manutenção do ambiente limpo, Téssio Macedo afirmou que viroses e problemas respiratórios são comuns aparecerem no local. Segundo ele, a orientação é para as celas serem limpas duas vezes ao dia, contudo, ele reconhece que essa é uma tarefa que nem sempre é cumprida.
“Nós tentamos oferecer um bom atendimento, mas os presos também precisam colaborar. Nem todos aceitam ser atendidos pela equipe médica, e isso nós temos que respeitar já que é um direito deles”, acrescentou Téssio Macedo.
Já para a coordenadora da Unidade de Saúde que atende os presos da Cadeia Pública de Queimadas, Gisele Shyrley Alves, o ambiente insalubre é o principal fator para o aparecimento de doenças no local. Segundo ela, o banho de sol não é suficiente para que a imunidade dos presos resista ao contato constante com vírus e bactérias que transmitem doenças. Para os casos mais complexos, os presos realizam eletrocardiograma, ultrassonografia e outros tipos de exames na policlínica do município.
“Nosso atendimento busca prevenir as doenças, mas não é fácil isso acontecer. Quando alguns recusam o atendimento, os demais acabam correndo um alto risco de contrair alguma doença. Mesmo assim, não registramos casos de doenças graves. Mês passado houve uma suspeita de tuberculose, mas após os exames ela foi descartada”, disse Shyrley. (Givaldo Cavalcanti)
Saúde no sistema prisional da Paraíba.
- Tem como foco o atendimento em atenção básica à saúde, buscando promover ações de promoção à saúde, prevenção de doenças, cuidados individuais e coletivos para pessoas privadas de liberdade;
- A assistência à saúde do preso segue as diretrizes da PNAISP, mas a Paraíba ainda não aderiu à política, segundo o Ministério da Saúde;
- A Secretaria Estadual de Saúde conta com 11 equipes de saúde no sistema prisional, composta por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, psicólogo, assistente social, dentista e auxiliar de consultório odontológico;
- As equipes atuam nos presídios de grande porte da Paraíba;
- Segundo a Secretaria de Saúde, a promoção da saúde no sistema prisional é responsabilidade da União, Estado e municípios;
- A reportagem tentou contato com a Federação das Associações de Municípios da Paraíba (Famup) sobre a omissão de gestores municipais em relação à saúde prisional, mas não obteve êxito.
Comentários