VIDA URBANA
Calazar mata 4 pessoas na PB
Doença já fez 182 vítimas no Estado nos últimos cinco anos; quantidade de notificações é a segunda menor do Nordeste.
Publicado em 23/11/2012 às 6:00
Enquanto a população e órgãos públicos da Paraíba intensificam ações para evitar a proliferação do mosquito transmissor da dengue, outras duas variedades desse tipo de inseto permanecem despercebidas e causando vítimas no Estado. Chamados cientificamente de Lutzomyia longipalpis e de Lutzomyia cruzi, esses insetos são conhecidos popularmente como "mosquito-palha, birigui, asa branca, tatuquira e cangalhinha".
Eles são responsáveis pela transmissão da leishmaniose visceral (calazar), uma doença transmitida dos animais para os seres humanos e que já fez 182 vítimas na Paraíba, nos últimos cinco anos. Essa quantidade de notificações foi a segunda menor do Nordeste, à frente apenas de Alagoas, onde houve 176 registros, segundo dados do Ministério da Saúde (MS).
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), de janeiro a setembro de 2012, houve 34 casos confirmados em 16 municípios paraibanos. Quatro pessoas morreram por conta da leishmaniose visceral.
Os dados do MS mostram que a doença está se expandindo na Paraíba. Em 2006, houve apenas uma notificação. A quantidade foi subindo de forma gradativa nos anos anteriores e chegou a 45 em 2011.
Os insetos causadores da leishmaniose visceral possuem hábitos diurnos e noturnos. Apesar de serem nativos de áreas verdes, eles estão migrando para as áreas urbanas em decorrência do aumento do desmatamento. Nas cidades, os mosquitos do sexo feminino são os responsáveis pela transmissão da doença dos animais para as pessoas.
Os ataques ocorrem principalmente no início da noite e ao amanhecer. No Brasil, segundo o MS, ainda há registro de transmissão direta de pessoa para pessoa. O veterinário e chefe do Setor de Captura e Vacinação do Centro de Zoonoses de João Pessoa, Felipe Sobral, explica que leishmaniose visceral canina é chamada também de calazar. Ela é uma zoonose muito comum na capital paraibana.
O diagnóstico é feito através de exames realizados gratuitamente na unidade de saúde. Quando a patologia é confirmada, o animal é sacrificado. “Segundo recomendação do Ministério da Saúde, não existe tratamento para a leishmaniose visceral canina. Os animais precisam ser submetidos à eutanásia”, explica.
A necessidade de sacrificar os cachorros surge diante do perigo que ele representa, enquanto permanecer vivo. É que, como não existe tratamento, o animal contaminado pode ser picado pelo mosquito, que vai funcionar como agente transmissor. “Quando o mosquito picar uma pessoa, vai transmitir a doença”, diz Sobral.
Nas pessoas, os principais sintomas são febre e aumento do volume do fígado e do baço, emagrecimento, complicações cardíacas e circulatórias, desânimo, prostração, apatia e palidez. Ainda podem haver tosse, diarreia, respiração acelerada, hemorragias e sinais de infecções associadas. Quando não tratada, a doença evolui podendo levar à morte até 90% dos doentes.
Para garantir o controle da doença, as equipes do Centro de Zoonoses disponibilizam gratuitamente exames de diagnóstico da leishmaniose visceral em cachorros. Em outra frente de atuação, os especialistas escolhem, através de sorteio, algumas áreas da cidade para serem visitadas. Nessas localidades, os técnicos visitam domicílios para realizar exames nos animais de estimação.
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