VIDA URBANA
Campanha identifica casos de hanseníase
Campanha tem o objetivo de identificar casos suspeitos de hanseníase e de reduzir a carga parasitária de vermes em estudantes.
Publicado em 27/05/2014 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 15:16
Em Campina Grande, mais de quatro mil crianças, entre 5 e 14 anos de idade, vão participar da 2ª Campanha Nacional de Hanseníase e Verminose. As ações iniciadas ontem acontecem até a próxima sexta-feira, em 28 unidades escolares públicas estaduais e municipais da cidade, sendo 10 creches e 18 escolas.
Promovida pela Secretaria Municipal de Saúde e o Ministério da Saúde (MS), a campanha tem o objetivo de identificar casos suspeitos de hanseníase e de reduzir a carga parasitária de vermes em estudantes. Apesar do número de crianças infectadas ser considerado pequeno, 3,5% dos 250 casos identificados entre 2011 e 2013, a hanseníase não tratada preocupa, especialmente porque pode trazer sequelas, como a incapacidade física.
Na Paraíba, de acordo com a chefe do Núcleo de Doenças Endêmicas da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Mauricélia Holmes, 50 municípios, incluindo Campina Grande, participarão da campanha, sendo que apenas 24 deles foram preconizados pelo Ministério da Saúde (MS), os demais aderiram por iniciativa própria.
“O MS definiu os 24 municípios para a campanha a partir de alguns critérios como pelo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), coleta de lixo, entre outros aspectos sanitários, mas isso não quer dizer que eles possuem grande índice de casos.
Os outros municípios aderiram por vontade própria. Já as cidades de Riachão e Bananeiras também vão realizar a campanha contra Tracoma (inflamação dos olhos) por registrarem grande incidência da doença. Apenas elas abordarão inflamação nos olhos, as outras cidades farão a campanha focada na hanseníase e verminoses”, explicou Mauricélia Holmes.
Em Campina, este ano, mais 40 casos de hanseníase já foram diagnosticados, conforme dados divulgados pela coordenadora municipal de controle da doença, Jane Eire Rocha. Ela explicou que apesar de nenhuma criança ter sido diagnosticada, a preocupação da saúde é prevenir consequências drásticas para aquelas que ainda não foram descobertas. “O objetivo da campanha é tentar encontrar crianças que estejam com a doença, para encaminhá-las imediatamente ao tratamento adequado. Geralmente quando uma criança está infectada, um adulto que faz parte do seu convívio também está e talvez também não esteja recebendo tratamento. Aliado a isso também estamos identificando crianças com alguma verminose, já que alguns sintomas são similares, como o aparecimento de manchas na pele”, explicou.
A prevenção ou o diagnóstico rápido podem fazer a diferença quando se trata de hanseníase, uma doença infecto-contagiosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen e transmitida pelas secreções das vias aéreas superiores e por gotículas de saliva. Quando há demora no diagnóstico e início do tratamento, as sequelas podem ser graves, ou seja, deixar as pessoas acometidas com a doença com incapacidades físicas ou mutilações, por perda da sensibilidade da pele. Apesar de ser uma doença basicamente cutânea pode afetar os nervos periféricos, os olhos e, eventualmente, alguns outros órgãos.
“Nas escolas, os exames são feitos por funcionários dos postos de saúde mais próximos. Sendo identificado o caso da hanseníase, a criança será encaminha para um tratamento na unidade de saúde mais próxima de sua casa, mas também temos um local de referência no município, que está localizado atualmente no serviço municipal de saúde (bairro da Prata).
Com o tratamento, depois de 15 dias, o paciente não transmite mais a doença”, informou a coordenadora. No caso de confirmação de verminose, a criança é medicada.
A coordenação também chamou a atenção dos pais ou responsáveis pelos alunos para que liberem a autorização que permite que a criança detectada com verminose possa receber o medicamento, um anti-hermíntico (comprimido mastigável, em dose única anual) para combate de infecções intestinais, popularmente conhecidas como lombriga e amarelão.
A coordenadora explicou que além de manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, manchas dormentes ou com diminuição de sensibilidade, dormência nos pés e caroços avermelhados ou castanhos também podem ser sintomas de hanseníase.
Por ano, surgem cerca de 700 novos casos de hanseníase na Paraíba. Os dados parciais apontam que em 2014 já existem 300 novos casos. Em 2012, 49 crianças (menores de 15 anos) foram diagnosticadas e em 2013 o número caiu para 29. De acordo com Mauricélia, o número ainda é alto. (Colaborou Luzia Santos)
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