Campina Grande contabiliza 92 vítimas de acidentes de trabalho este ano

A cada dia, Campina Grande registra praticamente um acidente relacionado ao trabalho. Esses números podem ser bem maiores, pois muitos funcionários temem sofrer algum tipo de represália do patrão ou porque estão na informalidade e não contribuem com a Previdência Social. Mesmo diante desses entraves, o Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador (Cerest) de Campina Grande notificou este ano 92 acidentes, 45 deles graves, 46 com material biológico e um caso de Lesão por Esforço Repetitivo (LER/DORT). Além dessas estatísticas, o órgão também contabilizou uma morta com um trabalhador da saúde.

A coordenadora do Cerest/CG, Anna Karla Souto Maior, disse que na cidade há muita resistência das empresas de fazer o comunicado do acidente de trabalho e esses números podem ser bem maiores. Dessa forma, para sensibilizar a população, a Secretaria de Saúde de Campina Grande está promovendo nesta quinta-feira (28), uma caminhada em alusão ao Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho. Os participantes sairão em caminhada silenciosa da Praça do Trabalho, no bairro de São José, até a Praça Clementino Procópio, no Centro, colocando cruzes em canteiros simbolizando um cemitério das vítimas de acidentes de trabalho para sensibilizar a sociedade, bem como chamar a atenção dos trabalhadores e empregadores em geral, sobre a importância da prevenção.

A ação faz parte da campanha Abril Verde, que é realizada pelo Cerest/CG, em parceria com várias secretarias municipais, Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos (STTP), instituições de ensino superior, Previdência Social, escolas técnicas e sindicatos. O Ministério Público do Trabalho também fará a entrega de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) a pessoas que trabalham com materiais recicláveis.

Paralelamente à caminhada, as instituições parceiras estarão expondo na Praça Clementino Procópio trabalhos relacionados aos riscos ocupacionais. Além disto, haverá exposição de animais peçonhentos, chamando a atenção para o perigo e as precauções que devem tomar os trabalhadores expostos ao contato com os bichos. A campanha começou no início do mês e vem realizando panfletagem em semáforos, debates, capacitações, palestras em hospitais públicos e outros ambientes de trabalho.

EM 2015

Já em 2015, o que parecia apenas mais um dia de trabalho se transformou em tragédia depois que um funcionário de uma empresa de vidros no bairro do Centenário, em Campina Grande, morreu eletrocutado. A vítima, Isaías Veras Barbosa, 34 anos, estava manuseando uma barra de metal em um dos andares da empresa quando a peça encostou em um fio de alta tensão da rede elétrica do bairro. Além do choque elétrico, o homem caiu de uma altura de aproximadamente oito metros e morreu na hora.

Isaías Veras entrou para as estatísticas de acidentes de trabalho, que vitimaram 531 pessoas, 387 envolvendo homens e 144 com mulheres. Segundo o Cerest/CG, três trabalhadores também morreram na cidade. Do total de notificações, 129 envolveram pessoas contaminadas por material biológico, 88 acidentes na construção civil e 44 casos de Lesão por Esforço Repetitivo.