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VIDA URBANA

Campina: uma cidade tradicional e ao mesmo tempo high-tech

Eternizada pelos versos de seu hino como a "capital do trabalho", CG mostra que continua a frente, tendo tornado-se inclusive pólo tecnológico. 

Publicado em 11/10/2015 às 7:00

Não foi Campina Grande que escolheu ser rainha, ela já nasceu assim. A pequena vila encravada na Serra da Borborema, oásis entre Litoral e Sertão paraibanos, desde sempre deu mostras do seu pioneirismo, e logo se tornou um dos polos econômicos mais importantes do interior do país. Mesmo diante das crises, o idealismo, a bravura e o espírito progressista dos seus filhos e de quantos a ela chegam para viver e conviver com o seu povo, criaram uma cidade diferente e grande, como seu próprio nome já diz. Cidade que hoje, ao fazer a transição dos 150 anos já vividos para os muitos que virão, ainda é desafiada a transpor seus problemas e continuar sendo sinônimo de inovação.

Eternizada nos versos do seu hino como ‘Capital do Trabalho’, até meados do século XX a Rainha da Borborema acolhia quem vinha de fora em busca de emprego, melhores condições de vida ou mesmo para investir em seu próprio negócio. Realidade que se inverteu nos dias de hoje. Na ‘Campina High Tech’, como ficou conhecida mundialmente por ser um celeiro de profissionais qualificados e inovações tecnológicas nas áreas de informática e eletrônica, a falta de boas oportunidades de trabalho faz com que exportemos nossos melhores frutos.

Ao destacar que Campina Grande continua sendo uma cidade com desafios ousados e sonhos de cada vez mais ser vanguardista em determinadas áreas, a diretora da Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (PaqTc-PB), Francilene Garcia, frisou que é fundamental que as carreiras no campo das ciências exatas e áreas em desenvolvimento atraiam empresas que possam contratar também a mão-de-obra qualificada. “Campina continua com o mesmo com o mesmo papel, só que olhando para novos desafios, precisamos ampliar a fixação dessa mão-de-obra na cidade.”

Após a década de 60, com o fim da época de ouro do algodão e o desaquecimento do comércio, o município passou a incentivar o setor industrial e valorizar a educação, com a institucionalização de vários polos acadêmicos. Atualmente, no polo tecnológico de Bodocongó, transitam cerca de 50 mil estudantes matriculados nas cinco instituições de ensino superior, entre públicas e privadas, cerca de 3 mil estudantes matriculados em cursos técnico-profissionalizantes, além de 2.700 estudantes de pós-graduação, entre mestrados, MBAs e doutorados. Fruto dessa ambiência, a cidade possui a marca de possuir um doutor para cada 669 habitantes. Os números são do PaqTc-PB.

Para Francilene Garcia, é impossível que o mercado local absorva uma quantidade tão numerosa de profissionais, no entanto, ela afirma que novos empreendimentos estão surgindo, e por isso estamos em uma fase, que ela chama de ‘transição’. “Temos mais de 80 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento bem conceituados nacionalmente e internacionalmente que já são contratados por grandes empresas e que desenvolvem produtos que, inclusive, a gente nem sabe que têm DNA campinense, mas nas próximas duas ou três décadas, teremos o desafio de cada vez mais impactar localmente com esses produtos e deixar mais transparente e direta a chegada dessas soluções tecnológicas para nossa própria população.”

Ao fazer a avaliação da atual conjuntura da cidade, a diretora do PaqTc-PB destacou alguns setores de destaque, como o laboratório de certificação de biomateriais (CertBio) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), o Núcleo de Tecnologia em Saúde (Nuts) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), o Centro de Tecnologia e Inovação Telmo Araújo (Citta), assim como o Complexo Aluísio Campos, que em breve receberá uma versão da Tecnópolis. O espaço, com fins de fomento à ciência, tecnologia e informação, vai facilitar o desenvolvimento de produtos e serviços com foco na inovação e tornar Campina catalisadora de novas oportunidades. Campina Grande será a primeira cidade do Nordeste a possuir uma Tecnópolis.

Para diretora do PaqTc-PB, laboratório de certificação de biomateriais (CertBio) da UFCG é destaque. (Foto: Leonardo Silva)

Educação tecnológica é desafio para município
Ao mesmo tempo em que a cidade forma profissionais e produz tecnologias reconhecidas e premiadas mundialmente, uma problemática para a educação pública é fazer com que os próprios filhos de Campina tenham acesso a esse desenvolvimento. “Compreendemos que nossos alunos devem ter uma carreira escolar de acesso, permanência e progressão. Temos que manter a qualidade do ensino e expandi-lo, e para isso precisamos nos superar a cada dia”, destacou a educadora e gestora municipal de educação do município, Iolanda Barbosa.

Segundo Iolanda, para romper os desafios que entravam o ensino de qualidade, as parcerias são muito importantes. Por isso ela nomeou a ação em torno da educação experimental, como se define a própria Campina: inovadora. “Trouxemos uma meta de educação tecnológica dentro da rede, associada a uma educação experimental que não existia. Estamos saindo com uma ação inovadora, em parceria com o Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e também com a Escola Redentorista para aproximar nossos alunos do ensino experimental nas áreas de física, química, biologia e matemática.”

A educação tecnológica, assim como o aumento dos investimentos em educação, o foco na erradicação do analfabetismo, a expansão da educação infantil, a garantia do direito da criança à creche, além da municipalização do ensino fundamental são desafios que estão presentes no primeiro Plano Municipal de Educação de Campina Grande, que traça diretrizes para os próximos dez anos.

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Jornal da Paraíba

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