VIDA URBANA
Casarões ainda têm estrutura original
Pouca gente deve saber o quanto da história de Campina Grande aconteceu no Largo das Boninas.
Publicado em 04/08/2014 às 12:00 | Atualizado em 04/03/2024 às 17:59
O nome é tradicional e o lugar é conhecido por quase todo mundo que mora em Campina Grande, mas pouca gente deve saber o quanto da história do município aconteceu no Largo das Boninas, batizado com este nome devido à vasta plantação de boninas que havia antes da urbanização. De acordo com o historiador Walter Tavares, um estudioso do patrimônio arquitetônico da cidade, pelo menos dois casarões permanecem com a estrutura principal intacta, embora deteriorada pelo tempo: a antiga fábrica Marques Almeida, inaugurada em 1925 e a velha Saboaria Pernambucana, de 1922.
Conforme o especialista, os prédios materializaram a principal função do setor para o desenvolvimento da Rainha da Borborema. “O largo marca o início da modernidade campinense. A importância é tão grande que na década de 1930, 97% da população operária de Campina trabalhava no local, sobretudo na Fábrica Marques Almeida, que fabricava fios de algodão, exportava óleo de algodão para a América do Norte e Europa, coincidindo com o apogeu do chamado ouro branco. Viveu o auge de 1930 a 1960 e declinou no início dos anos 1980”, explica.
O largo foi e ainda é ponto de concentração de trabalhadores. No início do século 20, foi esta centralização dos operários que atraiu os empresários da boemia. “Ali se concentraram muitos cabarés, nas décadas de 1930, 1940 e 1950, de olho no público masculino que trabalhava nas fábricas. Lá tivemos o lendário Cabaré Rosa Vermelha e a Unidade Moreninha. Nenhum resistiu, mas o segundo, que hoje abriga um comércio, ainda preserva na parede da fachada o nome título. O último botequim autêntico de Campina (o Ferro de Engomar) também faz parte do Largo”, complementa.
Pouca gente também deve imaginar que o cruzamento já foi ocupado pelo primeiro cemitério de Campina Grande. O chamado ‘Cemitério Velho’, criado por causa de uma epidemia de cólera que atingiu a cidade em 1856, funcionou durante 42 anos, entre 1857 e 1899, quando foi abandonado. De acordo com Emmanuel Sousa, do blog Retalhos Históricos de Campina Grande, no lugar foram construídas posteriormente, garagens e oficinas, enquanto os restos mortais ali sepultados foram exumados e transferidos para o cemitério de Nossa Senhora do Carmo, no Monte Santo.
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