VIDA URBANA
Casarões passam da exuberância ao abandono
Casarões e sobrados, localizados no Centro de João Pessoa, que pertenceram a pessoas ilustres, hoje estão esquecidos e em ruínas.
Publicado em 16/09/2012 às 11:00
Da opulência do passado ao Estado de abandono no presente. Residências de influentes paraibanos nem de longe espelham hoje a ostentação de seus antigos moradores. É possível encontrar em ruas do Centro de João Pessoa casarões e sobrados vazios que pertenceram a figuras ilustres da história recente do Estado. Em meio a paredes deterioradas e vegetação crescente, os vestígios dos tempos áureos vão desaparecendo.
O poder público estuda estratégias para preservar esse patrimônio histórico e arquitetônico que está se perdendo aos poucos. Essa é a primeira reportagem do JORNAL DA PARAÍBA de uma série especial sobre Patrimônio Histórico.
De acordo com o historiador José Augusto de Morais, existem 78 bens privados em ruínas na cidade. “Os imóveis públicos e religiosos estão em uma situação razoável. O problema é com os particulares, que geralmente estão no centro de brigas familiares”, comenta. Exemplo de residência ilustre desvalorizada pode ser encontrado na rua General Osório, próximo à Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves. A via, anteriormente chamada de “Rua Nova”, é uma das mais antigas da cidade e abrigou a residência de várias famílias influentes da Paraíba, dentre elas a Gama e Melo. Nesta rua viveu Alfredo da Gama e Melo, presença constante nas altas rodas políticas e intelectuais do Estado, patrono da cadeira número 17 da Academia Paraibana de Letras.
Gama e Melo chegou a assumir a presidência da província (cargo equivalente a governador de estado) por cinco vezes. Apesar da atuação marcante na política, o paraibano é lembrado sobretudo por suas contribuições à Educação, conforme ressalta o historiador José Octávio de Arruda Melo, autor da obra Uma História da Paraíba. “Alfredo da Gama e Melo foi um intelectual respeitado no final do século 19, era professor de Latim e retórica no Liceu Paraibano e chegou a fundar um jornal em sua época”, afirma José Octávio.
O “sobrado amarelo da Rua Nova” - como era conhecido – foi residência do político até 1908, ano de seu falecimento. Na década de 1920, viria a nascer, na mesma casa, o escritor e jornalista Virgínius da Gama e Melo, outra figura ativa no cenário cultural paraibano. A residência dos Gama e Melo hoje se encontra em estado de ruína, todo o telhado já caiu e existe apenas a fachada em avançado estado de deterioração. Em sua parede frontal está afixada uma placa informando o nome do local, “Sobrado Virgínius da Gama e Melo”, e um breve histórico de seus moradores.
Comentários