VIDA URBANA
Celebração de missa provoca polêmica
Cerimônia realizada em homenagem a João Pessoa se tornou o centro de um mal-estar envolvendo parentes do político e o Governo do Estado.
Publicado em 17/07/2012 às 6:00
Está sendo marcada por polêmica a realização da tradicional missa em homenagem ao ex-presidente da Paraíba João Pessoa, que foi assassinado há 82 anos, em Recife. Prevista para ocorrer no próximo dia 26, a cerimônia se tornou o centro de um mal-estar envolvendo o atual Governo do Estado, a Arquidiocese da Paraíba e parentes do político morto.
O problema começou na semana passada, quando, segundo familiares de João Pessoa, o governo afirmou que não realizaria a cerimônia, neste ano, alegando que o Estado é laico e não pode privilegiar uma só religião. A notícia chegou a ser divulgada pelo jornalista e sobrinho-neto de João Pessoa Abelardo Jurema e despertou a reação do arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto, que classificou a decisão do governo como “lamentável”.
Ontem, no entanto, representantes do governo afirmaram que tudo não passou de “um erro de comunicação” e que o Estado dará todo o apoio à realização da missa. Mas, para os parentes de João Pessoa, a mudança de ideia só ocorreu após a repercussão negativa que o assunto gerou.
Segundo Abelardo Jurema, desde que o político foi assassinado há 82 anos, a celebração já fazia parte das ações promovidas pelo Estado para lembrar os acontecimentos culturais e sociais que resultaram na morte do homem que governou o Estado na década de 20.
No entanto, na semana passada, Abelardo foi surpreendido com a informação de que o Governo do Estado não iria realizar, neste ano, a missa em homenagem ao ex-presidente da Paraíba João Pessoa. “Eles (representantes do governo) justificaram que o Estado era laico e não poderia contemplar apenas uma religião e disseram que essa responsabilidade pertencia à família e não ao governo. Isso nos causou estranheza, porque faz 82 anos que a iniciativa de fazer a missa é de responsabilidade do Estado”, afirmou Abelardo Jurema.
“Imediatamente, entramos em contato com a Arquidiocese da Paraíba e conseguimos marcar a missa, que será realizada no dia 26”, contou.
Mas o chefe do Cerimonial do Governo do Estado, Maurício de Souza, disse que as informações não são procedentes. Ele explicou que “em nenhum momento, o governo se absteve de realizar a missa. O que ocorreu, no entanto, é que o governo deixou para a família a responsabilidade de escolher a igreja onde haverá a celebração. Houve apenas um erro de comunicação. O Estado dará todo o apoio necessário à missa, inclusive, custeando as despesas com a confecção de livretos, anúncios em jornais e flores”, acrescentou.
Procurado novamente pela reportagem do JORNAL DA PARAÍBA, Abelardo Jurema disse que não houve erro de comunicação. Segundo ele, o chefe do Cerimonial foi claro ao informar a decisão do governo em não realizar missas para homenagear políticos mortos.
“Ele disse até que essa medida seria tomada não apenas com relação ao ex-presidente João Pessoa, mas também com relação a todos os políticos mortos da Paraíba. Não quero criar polêmica, mas tenho que ser honesto e falar a verdade. Agora, em virtude da repercussão que essa decisão causou, agora, eles estão voltando atrás”, declarou o jornalista.
Apesar da polêmica, a missa em homenagem a João Pessoa será celebrada no dia 26 de julho, às 9h, na Igreja da Misericórdia, na rua Duque de Caxias. “Conseguimos marcar a celebração com a ajuda do arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto, que se mostrou solidário à situação. Ele chegou até a lamentar a decisão adotada pelo governo”, disse Aberlardo Jurema.
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