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VIDA URBANA

Cem pessoas moram nas ruas de João Pessoa

Apesar da ajuda oferecida pela Secretaria de Desenvolvimento Social, muitos insistem em continuar nas ruas.

Publicado em 14/03/2012 às 6:30


A capital paraibana possui cerca de 100 moradores de ruas, segundo estimativa da Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura de João Pessoa. A quantidade representa 0,1% da população, estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 733 mil habitantes. Envolvimento com drogas, abandono da família, doenças e desemprego são as principais causas que levaram essas pessoas a viverem sem endereço fixo. Apesar da Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura de João Pessoa oferecer ajuda, muitos desses moradores insistem em continuar nas ruas.

No Centro de João Pessoa, principalmente, nas áreas próximas ao Mercado Central e Parque Solon de Lucena, é possível encontrar diversos moradores de ruas. Durante o dia, eles pedem esmolas ou fazem pequenos trabalhos informais. À noite, se abrigam sob viadutos, marquises e feiras livres. João Carlos Pereira da Silva, 34 anos, é um exemplo deles.

Ele mora nas ruas há mais de um ano. Apesar de ter família residente em João Pessoa, ele decidiu viver longe de casa por conta do alcoolismo. “Sou viciado em bebida, não tem jeito. Já tentei tratamento, mas não consigo parar. Quando bebo, perco o controle e minha família não aguenta viver comigo”, lamenta.

Durante o dia, João Carlos trabalha vendendo material de limpeza no Mercado Central e pegando fretes, com ajuda de um carrinho de mão. Apesar das duas atividades, ele conta que não tem condições financeiras de pagar aluguel. “Eu durmo aqui mesmo, na calçada. Quando quero ir ao banheiro, vou na Lagoa, onde há um banheiro público. A vida é difícil, mas não tem outro jeito”, desabafa.

O aposentado Severino Barbosa, 66 anos, também é outro que, há sei meses, mora nas ruas. Ele é natural da cidade de Solânea, que fica a 137 quilômetros de distância de João Pessoa, e veio para a capital com a intenção de se tratar de uma doença no coração. “Vim para cá, sem ter família por aqui e sem conhecer ninguém. Achei que fosse fácil, mas não foi. Sou aposentado, mas o dinheiro que recebo gasto todo em remédio. Preciso tomar mais de vinte tipos de comprimidos por dia”, afirmou.

Nos seis meses que mora nas ruas, o idoso já foi vítima de violência e admite que sente medo. “Já fui roubado várias vezes e não durmo em paz. Qualquer barulho que acontece, eu já me acordo, assustado. Eu tenho medo e queria sair das ruas”, conta.

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Jornal da Paraíba

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