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VIDA URBANA

Centro Histórico, minha morada

Famílias resistem a verticalização e elegem a área que vai do Varadouro até a Avenida das Trincheiras como local para viver.  

Publicado em 25/05/2014 às 14:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 15:16

O prédio do antigo Colégio das Neves, localizado ao lado da Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, no Centro de João Pessoa, foi por mais de 50 anos a escola e o local de trabalho da professora Lílian Souto Maior, hoje com 104 anos, e da sobrinha dela, Maria Lúcia Souto Maior, de 76 anos. As duas e outros membros da família moram até hoje na Ladeira de São Francisco, uma das primeiras ruas da capital. O mesmo endereço abrigou por mais de 100 anos boa parte dos parentes das aposentadas.

Assim como elas, dezenas de famílias resistem à modernidade da verticalização e expansão de João Pessoa para bairros da orla e zona sul e elegeram o Centro Histórico, que se estende do Varadouro até a Avenida das Trincheiras, em Jaguaribe, como área para moradia. Além da sobrinha, dona Lílian mora também com uma das irmãs, a funcionária pública aposentada Luzia Souto Maior.

Aos 102 anos, ela conta que sente saudades da época em que andava pela cidade para participar das missas na Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves e na igreja Mãe dos Homens, no bairro de Tambiá. Os passeios pelas praças da cidade também eram atrativos para a aposentada, que não esconde a alegria de morar no Centro Histórico.

“Aqui é muito bom de morar. Às vezes, a gente tem medo por causa dessa violência. Mas, até hoje nunca aconteceu nada por perto da minha casa”, conta dona Luzia, revelando ainda que o jardim espaçoso e a decoração da casa onde mora, com decoração, móveis e objetos originais do início do século 20 a fazem lembrar dos pais e dos familiares que moravam nas proximidades.

Movida pelo mesmo sentimento saudosista, a comerciante Adriana Araújo mora há 7 anos em um casarão datado de 1912, localizado no largo da igreja São Frei Pedro Gonçalves, no bairro do Varadouro. O prédio, que pertenceu ao primeiro proprietário do Hotel Globo, conserva desde a entrada estruturas originais, como as grades e o azulejo do piso.

Por manter uma doceria e também morar no prédio, a comerciante investiu em uma ambientação com peças que remetem à época. “Morar perto de um lugar que conta a nossa história e que tem uma riqueza cultural e arquitetônica dessas é maravilhoso”, disse.

Adriana Araújo conta que mudou-se do bairro Castelo Branco, também na capital, para morar no Centro Histórico. A mesma escolha teve o empresário Ronaldo Melo, paraibano que há 15 anos voltou do Rio de Janeiro para morar em João Pessoa. Ele revela que o apego à história da cidade o fez morar em uma casa com traços da arquitetura antiga e montar um negócio em um prédio tombado.

“Gosto muito das praças dessa área do Centro Histórico e sempre passeio com minha família. Só que muitas precisariam ser restauradas e ter mais atrativos culturais, como fizeram na praça Rio Branco”, sugere o empresário.

Aos 16 anos, Evellyn Melo herdou o gosto do pai e conta que nas horas de lazer gosta de visitar os casarões, como o Museu do Artista Popular, e as praças da cidade. “Toda vez que vejo esses prédios fico admirada porque eles lembram o nosso passado e os costumes das pessoas que moravam aqui. Acho que todo mundo deveria conhecer esses locais que deram origem à nossa cidade”, disse a jovem.

IGREJA PRESERVA ESTRUTURA DE 1595

Localizada na avenida Duque de Caxias, entre os prédios comerciais no Centro da cidade, a Igreja da Misericórdia resistiu ao tempo e é um dos únicos prédios no Estado que conserva a mesma característica arquitetônica da época em que foi construída, por volta de 1595, e que não sofreu modificações na estrutura durante a invasão dos holandeses, em 1634. A informação é da professora e pesquisador do curso de Arquitetura da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Berthilde Moura Filha, que desenvolve um projeto de extensão para resgatar a memória da cidade.

“Das igrejas que existiam na época da invasão holandesa, ela foi a única que não teve sua estrutura alterada e é a memória mais antiga da cidade e o mais próximo possível, em termo de arquitetura, das edificações originais daquele período”, lembra a professora explicando ainda que a restauração na Igreja da Misericórdia resgatou também a memória da criação da capital paraibana.

“Todos esses edifícios têm a sua importância e uma razão de estar ali. Se a gente mantém essa estrutura de pé, mantemos uma memória e uma fase importante da nossa cidade”, destacou a docente.

O projeto é desenvolvido pela professora e por alunos do curso de Arquitetura desde 2006 e o principal objetivo é manter viva a memória social da cidade, através de informações multimídia disponibilizadas na internet. Louise Costa integra a pesquisa e destaca a importância dos conteúdos para os moradores e visitantes da cidade.

“As pessoas não percebem esse valor que a cidade tem e não sabem a memória que guardam essas estruturas. Com o projeto também tive a oportunidade de conhecer a cidade em que vivo”, comenta a estudante. O conteúdo pesquisado pelos alunos, como vídeos, textos e fotos estão disponíveis no site www.memoriajoaopessoa.com.br.

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Jornal da Paraíba

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