VIDA URBANA
Cerca de 75% dos transplantes não são realizados na PB por negativa da família
Tema foi debatido nesta segunda-feira em audiência pública na ALPB.
Publicado em 02/09/2019 às 17:48 | Atualizado em 03/09/2019 às 12:02
Muitas vezes a única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para pessoas que precisam de doação, o transplante de órgãos ainda registra números tímidos na Paraíba. O tema foi debatido na tarde desta segunda-feira (2) durante audiência pública realizada no plenário da Assembleia Legislativa da Paraíba. Na ocasião, o diretor da Central de Transplante da Paraíba, Luiz Gustavo,destacou que cerca de 75% dos transplantes no estado não se realizam por negativa da família na liberação do órgão.
O percentual é bem acima do resultado consolidado de 2018, informado pela Central Estadual de Transplantes ao Ministério da Saúde, no qual registrou que 66% dos transplantes no estado não se realizaram em 2018 por negativa da família na liberação do órgão. Os dados apontam também que, dos 118 potenciais doadores registrados no ano passado, apenas 7 (5,9%) se tornaram doadores efetivos. Desse universo, 44 passaram por entrevista familiar e 29 negaram o transplante.
No evento, o secretário de estado da Saúde, Geraldo Medeiros, destacou que assumiu a pasta, em janeiro deste ano, encontrando o estado com um dos piores desempenhos do país. "Mesmo com o coração batendo, aquele ente querido está morto e nada mais humano que os familiares tenham esse coração para que cinco vidas sejam salvas", apelou.
Estrutura
O gestor da saúde da Paraíba disse que o estado tem muito potencial, já que possui uma equipe com 40 servidores especializados no Hospital de Trauma de João Pessoa e outros 26 no de Campina Grande, onde estão concentrados os maiores potenciais doadores, quase sempre vítimas de acidentes automobilísticos ou de motocicleta. "Em cada uma dessas unidades há de 50 a 60 óbitos, uma mádia de dois óbitos por dia, que podem salvar outras vidas", disse.
O presidente da Associação Renais Transplantados e Doadores, Carlos Roberto, também reforçou a necessidade de mudanças da atual realidade. "Temos na Paraíba 12 hospital que fazem parte da central de captação de órgãos que não funcionam. Não adianta que eles estejam registrados e não tem uma UTI para que seja feito o protocolo", alertou. Ele também questionou que tenha cerca de 100 funcionários na Central de Transplantes e o estado não alcance resultados positivos.
Dúvidas e respostas (por Ministério da Saúde):
Quero ser doador de órgãos. O que fazer?
Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o seu desejo de ser doador e deixar claro que eles, seus familiares, devem autorizar a doação de órgãos. No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização familiar.
Quais são os tipos de doador?
1 - O primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só com autorização judicial.
2 - O segundo tipo é o doador falecido. São pacientes com morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral).
Qual tempo de isquemia de cada órgão?
O tempo de isquemia é o tempo de retirada de um órgão e transplante deste em outra pessoa. A tabela abaixo demonstra o tempo de isquemia aceitável para cada órgão a ser considerado para transplante:
Órgão | Tempo de isquemia |
Coração | 04 horas |
Pulmão | 04 a 06 horas |
Rim | 48 horas |
Fígado | 12 horas |
Pâncreas | 12 horas |
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